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Polonês medieval enterrado em monastério tinha 2 tipos diferentes de nanismo

Por| Editado por Luciana Zaramela | 06 de Dezembro de 2022 às 13h00

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Matczak et al./International Journal of Osteoarcheology
Matczak et al./International Journal of Osteoarcheology

Uma escavação em um cemitério anexo a um monastério polonês revelou os restos de um ser humano muito peculiar: é um homem medieval que apresenta dois tipos diferentes de nanismo. Embora as displasias esqueléticas já tenham sido vistas ocorrendo concomitantemente na mesma pessoa no mundo moderno, não havia registro do evento em tempos mais antigos.

O local do achado é a pequena vila de Łekno, no centro-oeste da Polônia, que atualmente abriga poucas centenas de pessoas. No século XI, no entanto, o local era maior, consistindo de uma cidade fortificada com uma igreja na área central, incluindo domo e tudo. Mais tarde, no século XII, uma ordem católica conhecida como Ordem de Cister construiu um monastério em Łekno, construindo o cemitério em 1450, onde foram enterrados padres e pessoas comuns até o século XVI.

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Nanismo único

As primeiras escavações arqueológicas no local foram feitas de 1990, quando foram encontrados os restos mortais de mais de 400 pessoas. Uma delas foi registrada como Ł3/66/90: com datação de carbono, estima-se que o homem tenha vivido entre o século IX e o XI. O túmulo estava, curiosamente, na muralha da fortaleza, o que intriga os cientistas. Esse tipo de enterro não era feito na Polônia medieval.

Foi só recentemente que o esqueleto passou por análises mais minuciosas, revelando a displasia dupla. A condição é herdada e afeta o formato dos ossos, músculos, tendões, cartilagens e ligamentos. No polonês medieval, eram duas formas de nanismo, basicamente. A incomum forma de seu esqueleto foi estudada por modelos 3D feitos pelos cientistas: ele tinha um crânio desproporcional, canais estreitos para o cordão espinhal, costelas curtas e ossos do quadril pronunciados.

Esses primeiros achados são característicos da acondroplasia, condição na qual a pessoa fica com braços e pernas curtos, um torso de tamanho médio e uma cabeça anormalmente grande. Os ombros dobrados para fora e um palato dental arqueado, no entanto, também presentes no homem, já sugerem a discondrosteose de Léri-Weill (LWD). Essa condição é muito rara, especialmente na arqueologia, ao contrário da acondroplasia, mais comum.

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Na Europa Central da época medieval, é a primeira vez que a LWD aparece. À Live Science, um especialista comentou o caráter único da descoberta e sugeriu uma testagem paleogenética do gene receptor 3 do fator de crescimento de fibroblastos (FGFR3) e do gene de baixa estatura homeobox (SHOX), que poderiam esclarecer melhor os resultados da equipe.

Vida e obra

Do ponto de vista histórico, os cientistas também tentam desvendar a vida e morte do antigo polonês, que foi enterrado sem quaisquer bens, mas em túmulo típico, indicando algum nível de cerimônia e homenagem após a morte. A vida dele teria sido bem diferente a depender da posição que ocupava, ou seja, caso tenha sido monge ou um homem comum. No monastério, havia grande inclusividade dos fisicamente diferentes, enquanto o mundo secular esperaria papéis de marido e pai mais difíceis para o sujeito cumprir.

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Agora, sua dieta está sendo investigada por análise dos isótopos de carbono e nitrogênio, o que pode ajudar na estimativa de quando o homem viveu. Um fenômeno conhecido como "efeito do reservatório marinho", gerado por uma alimentação rica em frutos do mar, pode atrapalhar as estimativas por carbono, às vezes em até centenas de anos. Há chances, então, de que o homem tenha vivido em uma época posterior e feito parte da Ordem de Cister, que construiu a igreja nas ruínas da fortaleza e seus muros.

Fonte: International Journal of Osteoarcheology, Live Science