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Monges da Idade Média sofriam muito mais com parasitas que a população comum

Por| Editado por Luciana Zaramela | 23 de Agosto de 2022 às 13h30

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LightFieldStudios/Envato
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Pesquisadores da Universidade de Cambridge, no Reino Unido, descobriram um fato bastante curioso: os monges da Idade Média tinham quase duas vezes mais chances de terem parasitas e vermes intestinais que a população comum do mesmo período. O que torna a história inusitada é que os frades eram os únicos a terem algo similar ao nosso sistema saneamento sanitário, como latrinas e locais para lavar as mãos.

Publicado na revista científica International Journal of Paleopathology, o estudo sobre a presença de parasitas analisou amostras de corpos, que foram enterrados entre os séculos XII e XIV, na cidade inglesa de Cambridge.

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Enquanto a população comum era enterrada no cemitério de Todos os Santos, os monges foram sepultados em um convento agostiniano. Inclusive, este convento era, na época, uma referência para todo o clero do Reino Unido e da Espanha, que viajava até o local para ler manuscritos raros.

Como foi analisada a presença de parasitas nos monges da Idade Média?

No total, os pesquisadores testaram 44 corpos para o exame de parasitas, sendo que 19 eram de monges e 25 foram considerados de moradores da região. Entre os frades, 11 (58%) estavam infectados por vermes, em comparação com apenas oito dos habitantes da cidade em geral (32%).

Segundo a equipe de cientistas, as taxas são provavelmente maiores do que as encontradas. Isso ocorre porque alguns vestígios de ovos ou os próprios vermes no sedimento pélvico teriam sido destruídos ao longo do tempo por fungos e insetos.

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"Os frades da Cambridge medieval pareciam viver cheios de parasitas", conta Piers Mitchell, o principal autor do estudo e professor de Cambridge, em comunicado. “Esta é a primeira vez que alguém tenta descobrir como os parasitas eram comuns em pessoas que seguiam estilos de vida diferentes na mesma cidade medieval”, acrescenta.

Quais vermes eram mais comuns?

Entre os exemplares mais comuns, os pesquisadores alertaram para a presença da lombriga (Ascaris lumbricoides) e do verme Trichuris trichiura, que causa tricuríase. “A lombriga foi a infecção mais comum, mas também encontramos evidências de infecção por tricurídeos. Ambos são disseminados por falta de saneamento”, explica a pesquisadora Tianyi Wang.

Qual é a explicação para a descoberta de Cambridge?

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Tanto a lombriga quanto o parasita do tricurídeo são disseminados por falta de saneamento e, por isso, a equipe de pesquisadores sugere que os vermes estavam mais presentes nos monges que na população por causa da forma com que os dois grupos lidavam com os dejetos humanos.

“Uma possibilidade é que os frades adubassem suas hortas com fezes humanas, o que não era incomum no período medieval, e isso pode ter levado a repetidas infecções pelos vermes”, pondera o pesquisador Mitchell.

Fonte: International Journal of Paleopathology e Universidade de Cambridge