Penas de dinossauro mostram maior semelhança com pássaros do que se pensava
Por Augusto Dala Costa • Editado por Luciana Zaramela |
O fóssil de uma pena de dinossauro, preservada com até algumas de suas proteínas, mostrou aos paleontólogos que as espécies extintas dos répteis que tinham penas eram mais parecidas com os pássaros atuais do que se imaginava. A descoberta faz parte de tecnologias novas de análise dos restos fossilizados de animais há muito extintos.
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Estudos anteriores haviam levado os cientistas a crer que as penas de dinossauro tinham uma composição proteica diferente, tendo mais alfa-queratina, o que as deixaria menos rígidas do que as das aves atuais, ricas em beta-queratina. Penas mais rígidas são melhores para o voo.
Alguns pesquisadores, no entanto, questionavam essas conclusões, perguntando se as penas preservadas seriam um retrato perfeito de como a estrutura era à época em que os bichos estavam vivos, ou se a composição de suas proteínas havia mudado com a fossilização. Com estudos envolvendo raios-x e luz, a resposta para tais perguntas finalmente veio.
Mais avianos do que parece
Para a investigação, foram combinadas as tecnologias de raios-x e luz infravermelha na análise de penas fossilizadas de Sinornithosaurus, com 125 milhões de anos. Também foram estudados restos de uma ave primitiva, a Confuciusornis, e uma pena com 50 milhões de anos encontrada nos Estados Unidos. Outros experimentos simularam a quantidade de calor ao qual as penas teriam sido expostas durante o processo de fossilização.
Notou-se que, enquanto as penas antigas continham realmente alfa-queratina, ela não estava lá há milhões de anos — havia traços de beta-queratina, o que significa que a alfa-queratina se formou graças à degradação dessa outra substância, processo causado pela fossilização e calor extremo ao qual os restos são sujeitos.
Segundo os pesquisadores, os testes laboratoriais explicam a estranha química dos dinossauros com penas, mostrando que, embora algumas penas fossilizadas preservem traços das proteínas beta originais, outras são danificadas e contam uma narrativa falsa sobre sua evolução. Com a descoberta, agora sabemos que a composição das penas modernas se originou muito antes do que se pensava.
A presença de traços de beta-queratina também resolve a questão da preservação de proteínas por períodos extensos, o que, de acordo com os cientistas, mostra que a paleontologia deveria ter uma abordagem mais holística dos fósseis e as biomoléculas que trazem, ou seja, considerando todo o contexto e as condições às quais os fósseis são submetidos durante sua preservação.
Traços de biomoléculas podem sobreviver por milhões de anos, mas não é possível ler o registro fóssil de forma literal, pois, mesmo quando estão muito bem preservados, os fósseis ainda passaram por calor excessivo e foram esmagados durante a fossilização. Os cientistas continuam desenvolvendo ferramentas novas para entender o que acontece durante todo o processo, o que, no meio do caminho, vem ajudando a desvendar os segredos químicos dos restos de dinossauros.
Fonte: Nature Ecology & Evolution