Publicidade
Economize: canal oficial do CT Ofertas no WhatsApp Entrar

Penas e plumas: de que cor eram os dinossauros, afinal?

Por| Editado por Luciana Zaramela | 28 de Abril de 2022 às 15h40

Link copiado!

Chuang Zhao e Xiaolin Wang
Chuang Zhao e Xiaolin Wang

Se tem uma categoria de animal que passou por uma transformação de guarda-roupa digna do Esquadrão da Moda, foram os dinossauros — mais especificamente, os não avianos, ou seja, os que não são da mesma família das aves. Em apenas 30 anos, fomos de acreditar que os lagartões eram todos cinzentos, marrons e pelados, como jacarés e crocodilos, a descobrir que eles, na verdade, são mais como grandes pássaros, cheios de plumas, penugens e cores vibrantes.

E como sabemos, atualmente, sobre essas cores? Graças ao trabalho de inúmeros cientistas, como arqueólogos e biólogos. Um deles é Jakob Vinther, professor associado de macroevolução da University of Bristol, no Reino Unido. Desde o achado do primeiro fóssil de penas de dinossauro, em 1996, os cientistas notaram estruturas microscópicas arredondadas, que pensavam ser bactérias fossilizadas.

Vinther, que estudava lulas em seu doutorado, notou que os fósseis microscópicos se pareciam muito com outra coisa — os melanossomas também presentes no animal marinho, que eram, nos dinos, fósseis de tinta, ou bolinhas de melanina, o pigmento que colore cabelo, pele, penas e olhos no reino animal. Antes, acreditava-se que pigmentos não sobrevivessem ao processo de fossilização, mas isso vem sendo desafiado desde a descoberta dos melanossomas, sendo possível até mesmo saber as cores dos bichos extintos.

Continua após a publicidade

Desvendando cores

Olhando para os fósseis no microscópio, dá para ter uma noção muito boa de como eram as cores dos mais famosos lagartos do mundo. Em animais com pelos ou penas escuros, os melanossomas têm um formato de salsicha; em animais de cores ruivas, o formato é semelhante ao de uma almôndega. Já melanossomas grandes e cheios indicam pigmentos acinzentados ou azuis, e, quando eles são longos e finos, chatos ou ocos, isso é sinal de iridescência — essa forma os ajuda a se juntarem de modo que exibam um brilho metálico.

E a descoberta das cores dos dinossauros, além da presença de penas, nos ajuda a entender como eles eram: muitos dos parentes dos velociraptors, por exemplo, eram cobertos de penugem e iridescentes, como beija-flores e pavões. Outros eram mais discretos, como o Anchiornis huxleyi, um pequeno dino parecido com um pássaro cujas penas serviam como camuflagem, com um corpo cinzento, asas de penas brancas pontilhadas de preto e uma crista vermelha, como um pica-pau.

Continua após a publicidade

A camuflagem não é mera curiosidade, já que diz muito sobre o modo de vida do animal — dinos camuflados eram presas, e a seleção natural providenciou maneiras de escaparem de seus predadores. O primeiro dinossauro emplumado a ser descoberto, o sinosauropteryx, tinha a cauda anelada e um rosto "mascarado" por uma faixa escura. Ele tinha o que chamamos de contra sombreamento, onde partes do corpo do animal que ficam à sombra têm pigmentação mais clara, e as expostas ao sol, mais escuras.

E se o contra-sombreamento é mais súbito e localizado no topo do corpo, como no sinosauro, ele provavelmente vivia em ambientes abertos; se ele é mais gradual e baixo no corpo, isso sugere que o animal vivia em um ambiente mais florestal, onde a luz é mais difusa. Um caso interessante é o do Borealopeltamarkmitchelli, um tanque de guerra em formato de dinossauro, cheio de placas, ossos pontudos e encorpado.

A reviravolta? Ele tinha contra-sombreamento, indicando que era predado por outros dinos. Animais grandes da atualidade, como rinocerontes e elefantes, não têm padrões de cores diferentes, porque ninguém consegue mexer com eles, não sendo presas de ninguém. Se um animal extremamente protegido como o Borealopelta era predado, isso quer dizer que o ambiente em que ele vivia era extremamente hostil.

Continua após a publicidade

Nos próximos anos, é provável que sigamos aprendendo cada vez mais com os fósseis de dinos, como o recentemente estudado Tupandactylus imperator, um pterossauro brasileiro cujos melanossomas deram a cara e nos mostraram como era a crista do animal.

Fonte: LiveScience