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O Cavalo de Troia existiu mesmo?

Por| Editado por Luciana Zaramela | 11 de Maio de 2024 às 07h00

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Kemal Hayit/Pexels
Kemal Hayit/Pexels

Talvez você não conheça toda a história, mas com certeza conhece seus personagens — estamos falando da Guerra de Troia, especialmente do infame cavalo que colocou os soldados gregos dentro da antiga cidade. Virando até filme hollywoodiano estrelando Brad Pitt como Aquiles e ditados populares, o antigo relato é universalmente conhecido. Mas o cavalo, afinal, existiu?

A resposta curta é que não sabemos, de acordo com a história e a arqueologia. Para entender, precisamos falar sobre a obra e quem a escreveu — o poeta grego Homero, que teria nascido em cerca do século VIII a.C., e escrito a Odisseia, relato do retorno do herói Odisseu (ou Ulisses) para casa após a guerra troiana, e a Ilíada, relato mais detalhado do mesmo conflito.

Segundo a lenda homérica, que envolve deuses e forças mitológicas, os aqueus (um dos nomes para os gregos da época), liderados por Agamenon e na companhia de herois como Aquiles, impuseram um cerco de 10 anos à cidade de Troia, não conseguindo invadi-la à força. Resolveram, por fim, fingir uma desistência da guerra deixando para trás um grande cavalo de madeira.

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Na parte mais famosa da história, os troianos comemoram a vitória e creem que o cavalo seria uma oferenda à deusa Atena, presente dos gregos, e o levam para dentro das muralhas. À noite, os soldados emergem do equino e arrasam a cidade, queimando-a completamente e vencendo, por fim, o conflito.

Evidências da Guerra de Troia

Saindo do mito para o fato, o que sabemos? Bem, “Troia” provavelmente foi o nome de uma cidade na Idade do Bronze onde hoje fica Hisarlık, atual Turquia. Em ruínas encontradas no local em 1870, foram vistas pontas de flecha e evidências de fogo em sedimentos datados de 1.200 a.C. — batendo, em geral, com as datas citadas por Homero.

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Não há, no entanto, como saber se um cerco ocorreu, muito menos a sua duração. Sobre o cavalo, a propósito, Homero o menciona brevemente apenas na Odisseia, para ilustrar o final da guerra da qual Odisseu participa, e a criatura de madeira só é descrita em mais detalhes na Eneida, obra escrita pelo poeta romano Virgílio mais de mil anos depois.

Na improvável hipótese de que o autor teria algum relato confiável da época, arqueólogos acreditam que o cavalo seria mais metafórico do que literal. Vale lembrar que mesmo Homero é uma figura dúbia e talvez também lendária, já que a escassez de evidências faz alguns estudiosos acreditarem que ele tenha sido uma idealização da época grega antiga, um pseudônimo sob o qual vários autores publicaram.

O cavalo de Troia, assim, seria um mito provavelmente inspirado na maneira como máquinas de cerco eram envoltas em peles de cavalo umedecidas para evitar que incendiassem, por exemplo.

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O equino, então, pode ter sido um aríete — máquina feita para bater em portões até abrirem — ou outro aparelho de guerra que garantiu a entrada dos gregos a Troia, de maneira muito menos sutil. Não haveria como restos de um objeto de madeira sobreviverem até os dias atuais para investigarmos, então não há como comprovar sua existência.

O que sabemos com certeza, então, é que Troia queimou, e nada mais — ficamos com a influência do conto na tradição popular, que nomeou vírus de computador, os famosos cavalos de Troia, e ditos populares, como “agradar a gregos e troianos”.