Novo fóssil mostra que algas surgiram 100 milhões de anos antes que pensávamos
Por Lillian Sibila Dala Costa • Editado por Luciana Zaramela |

Novo fóssil de alga encontrado na China pode indicar que as plantas são 100 milhões de anos mais velhas do que pensávamos — tudo por causa da natureza única do material preservado, que ficou, incrivelmente, em 3 dimensões por meio bilhão de anos. Mais especificamente, a alga em questão tem mais de 541 milhões de anos, então é do final do período Ediacarano.
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O período Ediacarano foi de 635 milhões a 541 milhões de anos atrás, sucedido pelo período Cambriano, de 541 milhões a 485,4 milhões de aos atrás, quando a chamada explosão cambriana diversificou a vida em escalas exponenciais. Os fósseis de alga são pequenos, com meio milímetro de diâmetro, mas a quantidade de detalhes, que inclui filamentos do núcleo e "escamas" exteriores, nos dizem muito sobre as formas de vida da época. O relato da descoberta foi feito na revista científica BMC Biology.
Fósseis 3D e as plantas
As algas verdes, como esta, fazem parte do reino das plantas, que estima-se ter surgido há pelo menos meio bilhão de anos. O novo achado, no entanto, empurra as espécies de alga para muito antes que a biologia imaginava, levando todo o reino, na verdade, para 100 milhões de anos antes. Ela foi encontrada na província chinesa de Shaanxi, que foi um mar raso no final do Ediacarano, e é idêntica ao gênero de alga Codium.
O depósito de fósseis que deu origem à alga preservada é chamado de biota Gaojiashan, onde diversos espécimes conseguiram permanecer em sua forma normal, em 3D, ao invés de ser achatados por rochas ou danificados por condições ambientais. Foram analisadas 5 algas, que, curiosamente, não se pareciam com nenhuma outra criatura do período Ediacarano.
Notando que se tratavam de algas, os cientistas as combinaram a espécies mais recentes, que vão de plantas unicelulares a algas marinhas multicelulares. O Codium moderno, unicelular, é idêntico aos fósseis — apenas o dobro do tamanho de seus ancestrais. Acreditava-se que as espécies de antes do período Cambriano eram muito mais simples, o que foi derrubado pela descoberta, que irá levar a uma revisão de fósseis bidimensionais já encontrados do período.
Não se mexe em time que está ganhando
A nova espécie levou o nome científico de Protocodium sinese, cujo significado é "primeiro Codium da China". Segundo os pesquisadores responsáveis, é incrível que a planta tenha permanecido a mesma desde o Ediacarano, mostrando que o grupo específico de algas verdes ao qual pertence achou seu nicho muito cedo na história da vida e sobreviveu a 5 extinções em massa e mais de meio bilhão de anos de mudanças. Hoje em dia, o Codium é, inclusive, uma espécie invasiva que compete com seus primos marinhos.
Vale lembrar que o P. sinesenão é um ancestral direto das plantas terrestres, e sim um parente distante. No final do Ediacarano, o reino das algas e das plantas terrestres já havia se ramificado, uma divisão que também foi levada mais para trás na história com a nova descoberta.
Para descobrir essas ramificações, o genoma de espécies modernas é estudado e comparado, para notar a quantidade de mutações no registro paleontológico. Se as primeiras algas já eram mais diversas do que pensávamos 100 milhões de anos antes, então é provável que todo o seu processo evolucionário já tenha se iniciado também muito antes.
Fonte: BMC Biology