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Neandertais usavam aspirina natural e antibióticos

Por| Editado por Luciana Zaramela | 20 de Fevereiro de 2024 às 13h48

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Trougnouf (Benoit Brummer)/CC-BY-4.0
Trougnouf (Benoit Brummer)/CC-BY-4.0

Um dos estudos mais completos sobre os neandertais revelou desde sua dieta e estilo de vida até uso primitivo de remédios, mas garanto que você não consegue adivinhar de onde vieram essas informações. Do tártaro de seus dentes! Sim, a placa dental da espécie armazenou seu DNA e o de microorganismos que faziam parte de sua rotina, garantindo dados inestimáveis aos cientistas.

Foram estudados dois neandertais (Homo neanderthalensis) da caverna de El Sidron, na Espanha, e um da caverna de Spy, na Bélgica. Os microorganismos, vírus e alimentos que deixaram seu DNA nos dentes desses indivíduos mostraram diferenças muito interessantes em sua cultura e dieta, mudando inclusive o microbioma corporal.

Diferenças culturais neandertais

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Os sujeitos da caverna de Spy mostraram uma dieta essencialmente carnívora, caçando grandes mamíferos — seus dentes revelaram DNA de rinocerontes-lanosos e muflões, um tipo de caprino europeu, com alguns cogumelos nativos de sobremesa, estes ainda consumidos no continente atualmente.

Já os de El Sidron diferiram muito, não apresentando indicação alguma de consumo de carne, apenas nozes de pinheiro, musgo, casca de árvore, cogumelos variados e outras ervas, provavelmente tão bolorentas quanto.

Eram dietas paleolíticas autênticas, já que era comido apenas o que podia ser forrageado e identificado no ambiente — em Spy, por exemplo, o ambiente era semelhante a uma estepe, com colinas verdejantes e megafauna que incluía os rinocerontes-lanosos, enquanto El Sidron era composta de uma floresta montanhosa, repleta de fungos e pinheiros.

Medicina neandertal

O aspecto mais surpreendente da pesquisa foi provavelmente o medicinal. Um dos neandertais espanhóis mostrou evidências de um abscesso dental, com DNA de um parasita intestinal nocivo, o Microsporidia, que leva a doenças crônicas.

Ele estava tratando a condição com remédios silvestres, como casca e broto de álamo (ou choupo), árvore fonte de aspirina natural, e o mofo Penicillium, fonte do primeiro antibiótico do mundo, a penicilina.

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Na natureza, esse mofo é comum, mas o indivíduo mostrou estar ingerindo vegetação em apodrecimento contendo outras espécies de mofo — como o comportamento não é visto em outros neandertais, fica a questão: estariam eles realmente usando antibióticos?

De qualquer forma, nossos primos do passado sabiam como tratar doenças, o que mostra uma sofisticação e cultura para além do que esperávamos da espécie neandertal e seus estereótipos.

Fonte: Nature