Publicidade

Neandertais tinham menos sensibilidade a cheiros de urina e suor, segundo estudo

Por| Editado por Luciana Zaramela | 01 de Fevereiro de 2023 às 14h59

Link copiado!

Neil Howard/Flickr
Neil Howard/Flickr

Com testes em laboratório, cientistas descobriram como era a sensibilidade a odores de diversas espécies humanas, como os neandertais e denisovanos, comparando-as com a nossa (Homo sapiens sapiens). Agora, sabemos que os neandertais eram menos sensíveis ao cheiro de urina e suor, por exemplo, e que os denisovanos eram especialmente sensíveis ao cheiro de mel.

Como já foram extintas, não há como sabermos o que as antigas espécies gostavam de comer ou o que pensavam sobre cada tipo de alimento. Ao desvendar os segredos de seu olfato, no entanto, podemos ter uma ideia de como eles percebiam o mundo e quais odores captavam sua atenção, uma boa dica, mesmo que indireta, sobre suas preferências alimentares.

Continua após a publicidade

Cheiros em laboratório

Para o estudo, os cientistas Claire de March e Hiroaki Matsunami utilizaram técnicas que testam a sensitividade de receptores de odor em placas laboratoriais, em combinação com bases de dados genômicos. Uma das mais importantes coleções de DNA é a de 2022, obtida pelo ganhador do Prêmio Nobel Svante Pääbo, que sequenciou o genoma completo dos neandertais pela primeira vez na história. Isso permitiu identificar os receptores das 3 espécies humanas estudadas.

Segundo os pesquisadores, é difícil prever um comportamento apenas a partir de uma sequência genômica, mas comparando os receptores dos neandertais, denisovanos e H. sapiens, podemos notar isso ao verificar as proteínas resultantes de cada genoma. Foi testada a resposta de 30 receptores olfativos cultivados em laboratório de cada hominínio, submetendo-os a uma série de odores para testar sua sensibilidade a cada fragrância.

Os resultados mostraram que tanto os humanos modernos quanto os já extintos detectam, essencialmente, os mesmos odores, mas com sensibilidades diferenciadas. Os denisovanos, por exemplo, que viveram de 30.000 a 50.000 anos atrás, eram menos sensíveis aos cheiros que hoje percebemos como florais, mas também eram 4 vezes melhores em sentir o odor de enxofre, e 3 vezes melhores na percepção de balsâmicos. Eles eram especialmente bons em detectar mel.

Continua após a publicidade

Não sabemos o que os denisovanos comiam, mas há algumas razões para seus receptores serem dessa forma. Mesmo os caçadores-coletores contemporâneos, como os Hadza, da Tanzânia, têm uma predileção especial pelo mel, um combustível rico em calorias para o nosso corpo.

Já os neandertais, que viveram até 40.000 anos atrás e compartilharam alguns genes conosco, eram 3 vezes mais responsivos a odores florais, verdes e picantes, com os mesmos receptores que temos atualmente, de maneira geral. A sensibilidade pode ter sido diferente, mas a seletividade é a mesma, conforme comentado pelos pesquisadores. Os poucos receptores diferentes não respondiam muito mais do que os nossos.

Por que a sensibilidade a odores muda?

Continua após a publicidade

Em muitas espécies, os receptores de odor são ligados às necessidades ecológicas e dietárias, provavelmente evoluindo à medida que cada espécie muda de dieta e expande seu habitat. A evolução olfativa ajuda a maximizar a adaptabilidade para encontrar alimento — nos humanos, isso é complicado, já que comemos de tudo. Não somos especializados como outras espécies na natureza.

Os cientistas também compararam a sensibilidade entre humanos modernos, descobrindo que algumas pessoas sentem mais o cheiro de alguns elementos químicos, enquanto outras não sentem cheiro algum. Isso ocorre por conta de algumas mudanças funcionais, segundo eles.

Fonte: iScience