Mudando genes, cientistas transformam penas de galinhas em penas de dinossauros
Por Lillian Sibila Dala Costa |

Cientistas da Universidade de Genebra, em um novo estudo, inibiram um gene importante para o desenvolvimento embrionário de galinhas e conseguiram transformar suas penas de aves em penas de dinossauros — embora apenas por algumas semanas. O gene em questão é chamado de sonic hedgehog, nomeado pelo formato circular em homenagem ao personagem de videogames Sonic.
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Nos dinossauros, o que se via eram proto-penas, uma estrutura primitiva tubular que surgiu pela primeira vez nos ancestrais dos grandes lagartos, há 250 milhões de anos, durante o Período Triássico. O estudo é parte de um esforço para compreender como as primeiras penas surgiram: anteriormente, já se havia conseguido deixar as escamas dos pés das galinhas cheias de penas.
Penas, escamas e genes
Como informaram em um comunicado, os cientistas descobriram que mudar as escamas dos pés das galinhas é relativamente fácil, já que se trata de uma mudança passageira — já mexer permanentemente no desenvolvimento de penas é bem mais difícil. Ao longo da evolução, os genes responsáveis se tornaram robustos, capazes de funcionar mesmo sob perturbações genéticas ou ambientais significativas.
As primeiras penas do mundo animal eram tubos simples, no formato semelhante ao de um canudo. Através da evolução, essas estruturas formaram desde penugens às penas elegantes dos pavões, e é esse processo que os cientistas buscam entender.
Com microscopia de fluorescência de camadas de luz, a equipe conseguiu examinar o desenvolvimento das penas de galinhas ainda nos ovos. Elas começam a surgir no embrião nove dias após os ovos serem postos.
Elas surgem no formato de placóides, pequenos pontos no embrião, que viram “brotos” de penas que se ramificam com a ajuda da queratina, virando as conhecidas penas. O gene sonic hedgehog está presente em todas essas etapas. Ao inibi-lo no nono dia de desenvolvimento, os cientistas notaram que o desenvolvimento dos brotos de penas foi atrofiado.
A interação também reduziu a ramificação inicial. No 17º dia, no entanto, o crescimento de penas recuperou-se à medida que o inibidor do gene parou de fazer efeito. As galinhas que nasceram tinham buracos no revestimento de penas, além de vários trechos com penugens fracas, sem a estrutura clássica das penas — é assim que eram as penas dos dinossauros.
No 49º dia, no entanto, as penas normais já haviam substituído as falhas. Aos cientistas, resta saber como a genética mudou para fazer essas protopenas surgirem no passado.
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Fonte: PLOS Biology