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Misterioso dodecaedro romano de 1.600 anos pode ter sido usado em rituais

Por| Editado por Luciana Zaramela | 30 de Janeiro de 2023 às 19h50

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Kris Vandevorst/Flanders Heritage Agency
Kris Vandevorst/Flanders Heritage Agency

Um arqueólogo amador e detector de metais encontrou enterrado, na Bélgica, o fragmento de um objeto misterioso de bronze conhecido como Dodecaedro romano, estimado em mais de 1.600 anos de idade. Ocos, com 12 lados e feitos de metal, esses artefatos semelhantes a dados têm o tamanho de uma bola de baseball e furos em cada uma das faces, bem como rebites em cada canto. Eles foram encontrados às centenas no norte da Europa nos últimos 200 anos, mas ninguém sabe para quê serviam.

Algumas hipóteses sugerem que fossem calendários, instrumentos de medição de terrenos, partes de armas e muito mais. O novo achado, apenas parte quebrada de um dodecaedro completo, foi entregue ao Museu Galo-Romano de Tongeren, na Bélgica, pelo sujeito que o desenterrou. Com base na peça, estima-se que o artefato original tivesse 5 centímetros de diâmetro. Patrick Schuermans, responsável por encontrar o objeto, o detectou em um campo arado próximo à cidade de Kortessem, na fronteira com Flandres.

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História e mistério

O Museu Galo-Romano de Tongeren já possui um dodecaedro romano, encontrado nos arredores do município em 1939, e seu novo companheiro deve ir à exposição no mês de fevereiro. O primeiro encontrado na história surgiu na Inglaterra, no século XVIII, e mais 120 se seguiram a ele na França, Alemanha, Áustria, Suíça, Países Baixos, Bélgica e Reino Unido. Não é possível datar o metal, mas a terra ao redor dos mais antigos foi estimada entre o 1º e o 5º século d.C.

No início, os objetos eram descritos como "cabeças de maça", uma arma contundente antiga que consistia em um cabo com uma cabeça de metal. Outra ideia sugere que fossem calendários para saber quando plantar certos grãos, e outra, que seriam dados ou artefatos utilizados em jogos.

As mais recentes apontavam para a possibilidade de serem usados para medir distâncias, por exemplo, checando o alcance da artilharia romana, como a das balistas, ou um tipo de padrão de costura para luvas romanas. O problema é que não há marcações de medida, como é comum em instrumentos de medição, e eles têm diferentes tamanhos e pesos, indo de 4 a 11 centímetros de diâmetro. Isso exclui a maioria das opções sugeridas.

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A mais provável das teorias sugere que os dodecaedros eram utilizados para propósitos mágicos, como adivinhação, atividade popular nos tempos romanos, especialmente no período pagão. Quando o Império Romano se tornou oficialmente cristão, no entanto, tais práticas foram banidas, o que é a provável causa de não haver registros escritos sobre os objetos.

Para completar, eles só são encontrados nas áreas do noroeste do antigo império, alguns deles no interior de cemitérios. Os cultos ou práticas mágicas realizadas com eles poderiam ser restritas às regiões galo-romanas, ou seja, influenciadas pelos gauleses ou celtas nos períodos finais do império.

O achado de Kortessem pode incidir uma nova luz sobre os objetos misteriosos, já que a maioria dos dodecaedros foram reconhecidos a partir de coleções privadas ou coleções de museus, com contexto arqueológico desconhecido. Como o encontro do mais recente artefato foi bem documentado, podemos saber mais — próximos a ele, por exemplo, há alguns murais, indicando que o local possa ter sido uma vila romana.

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A Agência de Patrimônios de Flandres emitiu um comunicado informando que a superfície quebrada do objeto indica uma quebra proposital, talvez nos momentos finais de um ritual. O local de encontro será estudado mais a fundo, buscando saber mais sobre seu contexto romano. É a primeira vez que um desses é encontrado na região de Flandres.

Fonte: Flanders Heritage Agency