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Humanos quase foram extintos por mudanças climáticas há 900 mil anos

Por| Editado por Luciana Zaramela | 05 de Setembro de 2023 às 14h45

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Romankosolapov/Envato Elements
Romankosolapov/Envato Elements

Quem olha para o ser humano atualmente, dominando todos os cantos do planeta e batendo na faixa dos 8 bilhões de espécimes, não imagina que a espécie quase foi extinta há quase um milhão de anos. Análises genéticas mostram que chegamos perto da extinção em uma era geológica próxima, chegando a alarmantes 1.280 habitantes em todo o planeta — pelos critérios ambientais atuais, estaríamos na categoria de espécie ameaçada.

A descoberta foi possível pelo novo método chamado FitCoal, abreviação (em inglês) de “processo coalescente rápido de tempo infinitesimal”. Através dele, é possível olhar para sequências genômicas atuais e projetar essas variações para o passado. Observando o genoma de 3.154 pessoas vindas de 10 populações africanas e 40 não-africanas, foi notada uma quebra enorme na diversidade entre o início e meados do período Pleistoceno.

Por que perdemos tanta diversidade?

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Os resultados dos cientistas mostram um gargalo assombroso na população humana, com apenas cerca de 1.280 pessoas se reproduzindo entre 930.000 e 813.000 anos atrás. Foram 117.000 anos de escassez genética, quase nos levando à extinção. Cerca de 98,7% dos ancestrais humanos foram eliminados, o que também pode ter aumentado o nível de endogamia dos povos antigos — contribuindo para a perda de 65,85% da diversidade genética vista atualmente.

De acordo com a pesquisa, o mais provável é que essa grande perda populacional tenha sido resultado de mudanças no clima global, com glaciações curtas durando mais tempo e diminuindo a temperatura dos oceanos, causando secas prolongadas e morte de espécies que os antigos humanos caçavam para subsistência.

As populações ancestrais só se recuperaram após 813.000 anos, com dados genéticos mostrando um aumento de 20 vezes em seu número nesse período. Isso pode ter sido por conta do domínio do fogo combinado ao aumento das temperaturas globais.

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Consolidação do Homo sapiens

Esse gargalo populacional parece ter coincidido com um evento de especiação, quando dois cromossomos ancestrais se fundiram e formaram o chamado cromossomo 2 nos humanos modernos — isso quer dizer que o último ancestral comum entre neandertais, denisovanos e Homo sapiens (que, vale lembrar, emergiu há cerca de 300.000 anos) pode ter surgido nessa época de escassez genética.

A lacuna nos registros fósseis de espécies humanas na África e Eurásia pode ser explicada por esse declínio populacional, batendo com o que a ciência já sabia sobre o início da Idade da Pedra. Mesmo assim, há restos humanos do período em locais como Quênia, Tanzânia, Etiópia, Espanha, Itália, Reino Unido e China. Isso sugere que o gargalo foi limitado em seus efeitos nas populações humanas fora da linhagem do Homo sapiens ou teve efeitos menores.

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Os cientistas admitem que os dados genéticos ainda precisam ser comparados a fundo com registros arqueológicos, sabendo que ainda há lacunas na pesquisa. Investigações futuras poderão responder questões sobre o local onde os ancestrais “escassos” viveram, como superaram os problemas climáticas e se a seleção natural gerada pelo gargalo acelerou ou não a evolução de nossos cérebros.

Fonte: Human Evolution