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Evidência mais antiga de ancestral dos ornitorrincos é encontrada na Patagônia

Por| Editado por Luciana Zaramela | 16 de Março de 2023 às 10h20

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David J. Stang/CC-BY-4.0
David J. Stang/CC-BY-4.0

Uma formação geológica única na Patagônia argentina — mais especificamente, na Formação Chorrillo —, revelou um dente e um fragmento de mandíbula com pelo menos 60 milhões de anos. Pode parecer pouco, mas o achado, entre fósseis de moluscos terrestres e aquáticos, tartarugas, rãs, cobras, dinossauros saurópodes e terópodes, bateu todos estes últimos em importânica. Eram os restos de um monotremado, como descrito em um artigo publicado na revista científica Communications Biology.

A ordem dos monotremados, grupo diminuto de animais, é composta por mamíferos que põe ovos, dos quais os exemplos modernos são ornitorrincos e equidnas. A morfologia do fóssil bate com a definição dessas curiosas criaturas, e uma análise mais profunda mostrou que o dente é similar ao de ornitorrincos australianos com mais de 20 milhões de anos no registro fóssil. É uma conexão distante e antiga entre a Oceania e a América do Sul.

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Outros monotremados patagônicos

Monotremados são mamíferos bastante diferentes, possuindo, além dos ovos, uma cloaca — que serve tanto para excreção quanto para reprodução —, características que compartilham com todos os anfíbios, pássaros e répteis. O restante dos mamíferos abandonou a vida ovípara há 160 milhões de anos.

Curiosamente, não é o primeiro dente de uma criatura ancestral dos ornitorrincos encontrado na Patagônia. Há 30 anos, o paleo mastozoólogo Rosendo Pascual encontrou e descreveu um dente de monotremado de 62 milhões de anos, revolucionando o que a ciência pensava saber sobre a ordem animal, que se acreditava ser exclusivamente da Australásia.

Foi em homenagem de Pascual que a espécie antiga recebeu seu nome científico — Patagorhynchus pascuali, um espécime primitivo mais antigo que o encontrado pelo cientista. A datação da camada sedimentar que cobre a criatura foi datada para o estágio Maastrichtiano, o último do Cretáceo Superior, indo de 72,1 milhões anos a 66 milhões de anos atrás.

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Como o ornitorrinco ancestral chegou à Argentina?

O mais provável que é os monotremados antigos tenham ido até a Argentina nadando. Atualmente distantes, os continentes eram mais próximos, e mesmo se os animais nadaram de um lugar para outro há 70 milhões de anos, teria sido uma viagem bem mais fácil. A Austrália e a América do Sul eram mais ao sul, e estavam ou conectadas à Antártica ou separadas apenas por poucas ilhas e canais. O ambiente circumpolar também era mais quente, abrigando mais vida e permitindo a sobrevivência de mais criaturas.

Os ornitorrincos modernos são exímios nadadores em lagos e rios, e caso seus ancestrais tenham sido parecidos, então não teria sido um problema cruzar as águas costeiras e curtas que separavam os continentes de antigamente. Curiosamente, um caminho reverso foi feito por outros animais indissociáveis da Austrália, os marsupiais, que foram da América do Sul à Oceania há 50 milhões de anos.

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Fonte: Communications Biology