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Fóssil do maior ictiossauro do mundo pode ter sido encontrado nos alpes suíços

Por| Editado por Luciana Zaramela | 28 de Abril de 2022 às 18h20

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F. L. Rodríguez/Natural History Museum of London/CC-BY-4.0
F. L. Rodríguez/Natural History Museum of London/CC-BY-4.0

Cientistas descobriram, recentemente, o dente quebrado de um ictiossauro, um dos maiores carnívoros que já deram as caras no planeta Terra. Ele não era um animal terrestre e, na verdade, também não era um dinossauro — era um réptil marinho carnívoro do período Triássico, há 205 milhões de anos.

O dente em si não tem parte da coroa, mas a raiz do fóssil é duas vezes mais larga do que qualquer dente da espécie já encontrado, indicando que o bicho é o maior de todos até o momento. Anteriormente, o recorde vinha de um exemplar de 15 metros de comprimento, então podemos esperar que o dono da nova relíquia dentária como sendo um dos maiores animais que já existiram. O estudo foi publicado no dia 28 de abril no periódico científico Journal of Vertebrate Paleontology.

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Analisando a dentição

Como a amostra fossilizada é de apenas metade de um dente, é difícil ter definições precisas sobre o animal ao qual ela pertenceu. Pode ser que fosse um ictiossauro normal com dentes anormalmente grandes ou um ictiossauro gigante com dentes de tamanho regular à espécie específica.

Os ictiossauros — cujo nome significa "lagartos-peixe" — surgiram nos meados do Triássico, de 252 a 201 milhões de anos atrás, pouco depois da extinção do final do período Permiano que extinguiu cerca de 95% da vida marinha da Terra. Em um período de 5 milhões de anos, a espécie cresceu em tamanho e em influência, dominando os oceanos da época.

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Entre os ictiossauros, o maior que conhecemos é o Shastasaurus sikanniensis, que chegava a 21 metros de comprimento: uma baleia-azul, por exemplo, mede de 24 a 30 metros. A maioria dos grandes bichos da espécie chegou ao posto de predador sem desenvolver dentes — a única espécie de ictiossauro gigante a apresentar dentição é o Himalayasaurus, encontrado no Tibete, e medindo 15,24 metros.

Isso aumenta o mistério do achado do dente, que estava na Formação Kössen dos Alpes Suíços, a 2.800 metros acima do nível do mar. No período Triássico, a região ficava no fundo do mar. Além do dente, também foram analisadas costelas e vértebras encontradas na mesma formação alpina entre 1976 e 1990. As amostras ósseas foram comparadas com outros fósseis de ictiossauros mais completos, numa tentativa de estimar o tamanho e espécie dos indivíduos.

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A amostra do dente tem 5,84 cm de largura e 10,16 cm de comprimento desde a raiz até o final quebrado da coroa, o dobro de largura de um dente de Himalayasaurus. A dentina, tecido duro do qual consiste a maior parte dos dentes de répteis e mamíferos, prova que o dente pertence a um ictiossauro, mas o tamanho não condiz com nenhuma espécie conhecida. As vértebras e costelas fazem parte do outras espécies do animal, sendo três diferentes, todas enormes, as maiores já descobertas na Europa.

Até o momento, não é possível categorizar nenhuma das espécies encontradas com segurança, dada a escassez das amostras. Além disso, a medida dos ossos pode estar um pouco distorcida, dado que os fósseis parecem ter sido esmagados pelo movimento das placas tectônicas, o que, inclusive, levantou os alpes do fundo do mar há centenas de milhões de anos.

Por enquanto, considera-se que os três espécimes são da família Shastasauridae, a mesma dos gigantes Shastasaurus, Shonisaurus e Himalayasaurus. Sem maiores evidências, no entanto, é difícil definir se eles eram mesmo leviatãs do mar, maiores do que todos os que já conhecemos.

Fonte: Journal of Vertebrate Paleontology