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Esqueletos indígenas de até 10 mil anos são achados no Maranhão

Por| Editado por Luciana Zaramela | 19 de Janeiro de 2024 às 19h58

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W Lage Arqueologia
W Lage Arqueologia

Um enorme cemitério indígena foi encontrado em São Luís, no Maranhão, contendo mais de 40 esqueletos e milhares de artefatos enterrados nos túmulos, que são de até 10.000 anos atrás. Os restos humanos mais antigos parecem ser de até mesmo antes dos sambaquieiros, caçadores-coletores da costa que viveram na região. O achado é, agora, o registro mais antigo de qualquer Homo sapiens vivendo no nordeste do estado do Maranhão. 

Os ossos são, no entanto, de diversas épocas diferentes, e foram encontrados na capital durante um projeto de construção de moradias pela empresa W Lage Arqueologia, que trabalhava na assessoria das escavações. O local em si é a Fazenda Rosane, que se tornou um sítio arqueológico entre duas avenidas movimentadas da cidade, que também é a maior do estado.

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A região de São Luís que contém os achados, também chamada de Upaon-Açu (grande ilha, em Tupi-Guarani), já era conhecida dos cientistas por guardar indícios de atividades humanas pré-históricas — já foram encontradas mandíbulas na Fazenda Rosane em 1970, bem como artefatos de até 6.000 anos atrás. Tais restos foram atribuídos aos sambaquieiros, que construíam montes (sambaquis) com restos de conchas e outros alimentos, chegando a até 30 metros de altura.

Os humanos mais antigos do Maranhão

A última escavação em São Luís começou em 2019, e, na época, foram achados diversos fragmentos de cerâmica e ferramentas de pedra. Já em 2020, durante a pandemia de covid-19, o primeiro esqueleto surgiu, a 60 cm de profundidade. Desde então, 43 esqueletos foram encontrados e até 100.000 fragmentos de artefatos de pelo menos quatro camadas sedimentares diferentes, sugerindo uma ocupação humana em quatro períodos espalhados por 8.500 anos.

Wellington Lage, responsável pelo trabalho, contou ao site Live Science que os esqueletos têm baixa estatura, com o mais alto tendo 1,60 m, a maioria homens adultos, mas com duas crianças entre os restos. Análises indicam que eles teriam feito atividades físicas extenuantes, o que é mostrado por marcas ósseas causadas por mobilidade e carregamento de cargas. O esqueleto mais profundamente enterrado estava a dois metros da superfície.

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A técnica usada na datação foi a luminescência por estímulo ótico, que determina a última vez em que o item foi exposto ao calor ou à luz do sol. Isso revelou uma idade entre 7.000 e 10.000 anos, possivelmente chegando à época anterior aos sambaquieiros. Isso seria no início do Holoceno, de 11.700 anos atrás, na época em que os primeiros humanos chegaram às Américas.

Para validar a datação, amostras foram enviadas ao laboratório Beta Analytic, nos EUA, onde trabalhos com radiocarbono deverão dar resultados em Fevereiro. As escavações em Fazenda Rosane devem terminar em até seis meses. A construtora responsável planeja, em conjunto com o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional e a Universidade Federal do Maranhão, construir um centro de armazenamento e curadoria para os achados arqueológicos, incluindo um museu e um laboratório de pesquisa.

Fonte: Live Science