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Ossos de preguiça gigante provam que humanos chegaram no Brasil há 25 mil anos

Por| Editado por Luciana Zaramela | 13 de Julho de 2023 às 20h15

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Vialou et al./Boletim do Museu Paraense Emílio Goeldi
Vialou et al./Boletim do Museu Paraense Emílio Goeldi

O abrigo de Santa Elina, no Mato Grosso, proporcionou uma descoberta arqueológica muito importante — no local, foram encontrados ossos trabalhados de preguiças gigantes que só podem ter sido obra de seres humanos, puxando a chegada dos Homo sapiens no Brasil e na América do Sul para 25.000 anos atrás, muito antes do que se pensava.

A descoberta incluiu 3 osteodermos, acúmulos ósseos que fazem um tipo de armadura protetora sobre a pele de animais como os tatus, achados próximos a ferramentas de pedra. Cada osteodermo ostenta pequenos buracos que só humanos poderiam ter feito, de acordo com análises de especialistas.

O abrigo de Santa Elina e as preguiças gigantes

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Localizado na Serra das Araras, o abrigo de Santa Elina tem sido estudado por arqueólogos desde 1985. Em 2017, uma pesquisa já havia mostrado a existência de mais de 1.000 figuras e sinais desenhados nas paredes do local, além de centenas de ferramentas de pedra e osteodermos de preguiças gigantes, com 3 deles já sendo os que indicavam a atividade humana.

A novidade do estudo mais recente, publicado na última quarta-feira (12) no periódico científico Proceedings of the Royal Society Biological Sciences, é o nível de detalhe observado nas peças, mostrando definitivamente que é extremamente improvável os buracos terem sido feitos por uma espécie que não seja o Homo sapiens.

Isso coloca a ocupação humana na região como tendo acontecido pela primeira vez entre 25.000 e 27.000 anos atrás, se juntando a evidências crescentes, embora controversas, de que habitamos o continente há mais tempo do que se pensava. Outra evidência são artefatos encontrados na Toca da Tira Peia, no Piauí, datando de 22.000 anos atrás.

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Análises microscópicas e macroscópicas feitas nos osteodermos mostram que tanto a parte exterior quanto os buracos foram polidos, bem como revelam traços de incisões e raspagens feitas com ferramentas de pedra. Mordidas de animais levaram à exclusão da possibilidade de que os buracos houvessem sido feitos por roedores. É provável que os objetos tenham servido como ornamentos pessoais, como parte de pingentes, por exemplo.

O que denuncia a idade dos artefatos é a camada geológica sobre a qual estavam depositados. Com isso, poderemos consolidar, no futuro, a hipótese de que os humanos chegaram às Américas durante o Último Máximo Glacial, a parte mais fria da última Era do Gelo. Há, no entanto, muitos sítios arqueológicos a serem estudados na América do Sul, então o debate acerca do tema está longe de ser finalizado.

Fonte: Boletim do Museu Paraense Emílio Goeldi, Antiquity, Journal of Archaeological SciencePoTS Biological Sciences via LiveScience