Esqueleto de egípcia que morreu há 3.300 anos trazia um tumor com dentes
Por Augusto Dala Costa • Editado por Luciana Zaramela |
Arqueólogos encontraram um tumor com dentes nos restos mortais de uma mulher do Egito Antigo, falecida há mais de 3.300 anos atrás. Vários tecidos humanos podem crescer em massas tumorais conhecidas como teratomas, que são um tipo raro de tumor, indo de ossos e músculos a dentes e cabelos. A mulher não tinha mais de 21 anos quando veio a óbito, segundo análises, e seus restos foram encontrados no Cemitério do Deserto Norte, na cidade de Amarna, nas margens do rio Nilo.
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O local não é um cemitério para as elites, como os faraós e seu séquito, mas o esqueleto da antiga egípcia estava enterrado junto a uma coleção de bens muito valiosos, como um colar com dezenas de pingentes ocos em formato de lágrimas e um anel de ouro com moldura em formato de escaravelho, esta feita de pedra-sabão. Outro anel era decorado com a figura de Bes, um deus egípcio menor que se acredita ser protetor das mães, crianças e grávidas.
Teratomas e o mundo antigo
O achado mais curioso, no entanto, foi a massa calcificada alojada em sua pelve, que trazia dois dentes consigo. Segundo os pesquisadores, seria um raro teratoma de ovário. Um teratoma é um tipo de cisto, formado a partir de células germinativas — elas são células especializadas que, com o tempo, se tornam as sexuais, ou seja, óvulos ou espermatozoides. O tumor pode trazer tecidos de qualquer parte do corpo, como os dentes desse caso, mas às vezes isso inclui partes de olhos, cabelos ou órgãos vitais.
A palavra “teratoma”, em si, deriva do grego, com “teras” significando “monstro”, uma alusão à aparência geralmente grotesca do tumor. Embora pouco agradáveis aos olhos, a maioria dos teratomas é, na verdade, benigna, não oferecendo riscos à saúde do paciente. Alguns podem ser cancerosos, ou crescer o bastante para causar danos ou infecções no corpo. No caso da mulher milenar, o tumor tinha pouco menos de 3 cm x 2 cm.
A antiga egípcia de fato morreu jovem, mas não há como saber a causa da morte ou a influência do teratoma em sua saúde. O caso, descrito na revista científica International Journal of Paleopathology, é o quinto no mundo de restos humanos antigos sendo encontrados com teratomas. É o primeiro, no entanto, a ser descoberto na África — anteriormente, foram vistos um caso no Peru e três no continente europeu.