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Egípcios antigos bebiam coquetel com plantas psicodélicas, sangue e leite humano

Por| Editado por Luciana Zaramela | 05 de Junho de 2023 às 21h30

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Eden, Janine and Jim/CC-BY-2.0
Eden, Janine and Jim/CC-BY-2.0

Uma equipe de cientistas encontrou um inusitado preparo líquido em um vaso ritual de 2.000 anos, pertencente ao Egito da Era Ptolemaica. Dedicado ao deus felino Bes, o coquetel continha várias plantas alucinógenas, bebida alcoólica, mel e uma série de fluidos humanos, incluindo sangue e leite materno. Um artigo ainda não revisado por pares (preprint) descrevendo o achado foi publicado na última quarta-feira (31) na plataforma científica Research Square.

A teoria dos pesquisadores é de que o bizarro drink teria sido consumido em práticas rituais ligadas a Bes, figura divina que era representada por uma pessoa com nanismo e diversas características de gato. Seus seguidores acreditavam que o deus poderia protegê-los do mal e do perigo, prevenindo qualquer coisa ruim de acontecer com quem quer que o adorasse.

O culto a Bes e a receita alucinógena

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Como parte de seu culto, os seguidores deveriam beber preparados líquidos, entre outros rituais de adoração. Nesse caso, usavam-se vasos de cerâmica com a efígie ou cabeça de Bes gravada no exterior, conhecidos como Vasos-Bes. Como o deus era considerado uma espécie de gênio da proteção, beber do recipiente com sua imagem era considerado benéfico.

Para descobrir do que consistia o coquetel consumido em honra ao gato protetor divino, os pesquisadores analisaram os resíduos de um destes vasos do século 2 a.C., guardado no Museu de Arte de Tampa. Foram encontrados vestígios de uma planta psicoativa chamada Peganum harmala, também conhecida como arruda síria.

As sementes da planta produzem altas quantidades dos alcaloides harmina e harmalina, que provocam visões oníricas (de sonho). Atualmente, a arruda síria é combinada com outras plantas, como a mimosa, para criar uma bebida que imita os efeitos psicodélicos da ayahuasca.

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Outra planta psicoativa presente nos resíduos é a Nymphaea caerulea, ou nenúfar azul. Seu uso para efeitos psicodélicos, segundo os cientistas, teria sido deliberado, assim como o da P. harmala. Como se não bastasse, também havia preparados alcoólicos na mistura, provavelmente vindos de frutas fermentadas, bem como de mel ou de geleia real.

Para completar o coquetel, no entanto, vem uma parte um tanto quanto gráfica — foi notada, também, uma alta presença de proteínas humanas, todas aparentemente adicionadas com propósitos rituais. Elas incluem leite materno, sangue e fluidos mucosos, tanto orais quanto vaginais. Caso você estivesse interessado em aproveitar a proteção de um deus, quem sabe seja melhor encontrar um que seja associado a uma bebida menos insalubre.

Fonte: Research Square, IFLScience