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Cientistas descobrem o que a ayahuasca faz no cérebro

Por  • Editado por Luciana Zaramela | 

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Ermal Tahiri/Pixabay
Ermal Tahiri/Pixabay

Originária da Amazônia, a ayahuasca é um tipo de chá alucinógeno usado para fins medicinais ou religiosos, mas sua fama mundial intriga há anos a ciência. Eis que uma equipe de cientistas britânicos resolveu investigar a ação do composto no cérebro humano, através de um de seus psicoativos mais conhecidos, a dimetiltriptamina (DMT). Os resultados do psicodélico são surpreendentes, já que as conexões cerebrais são temporariamente alteradas.

Publicado na revista científica Proceedings of the National Academy of Sciences (PNAS), o estudo revela que o princípio ativo induz a um aumento do estado de conectividade em todo o cérebro (hiperconectividade), através dos neurônios, envolvendo até mesmo áreas normalmente distantes. As modificações mais visíveis e atípicas estão concentradas nas áreas ligadas a funções de "nível superior", como a imaginação.

Entenda como foi feito o estudo que mede os impactos da ayahuasca

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No estudo, os pesquisadores do Imperial College London recrutaram 20 voluntários saudáveis que moravam no Reino Unido. Estes participantes receberam uma injeção contendo 20 mg de DMT, aplicada por via intravenosa. Segundo os autores, esta é uma alta concentração do psicodélico.

Durante todo o processo — incluindo o antes e o depois da aplicação do princípio ativo da ayahuasca —, imagens detalhadas do cérebro dos voluntários foram capturadas, com o uso das técnicas de ressonância magnética funcional (fMRI) e de eletroencefalografia (EEG).

No total, a "viagem" psicodélica durou cerca de 20 minutos. No entanto, os participantes não vivenciaram de forma plena a imersão, já que, em intervalos regulares, os voluntários precisavam classificar a intensidade subjetiva do efeito do composto em suas mentes. A escala ia de 1 a 10.

O que muda no cérebro com a ayahuasca?

“Nossos resultados revelaram que, quando um voluntário recebia o DMT, havia uma desregulação acentuada de alguns dos ritmos cerebrais que normalmente seriam dominantes", explica Robin Carhart-Harris, professor do Imperial College London, em comunicado.

Para resumir os resultados em um estado de espírito, o professor explica que "o cérebro mudou seu modo de funcionamento para algo totalmente anárquico". É como se, temporariamente, áreas específicas, em especial aquelas relacionadas com a imaginação, trabalhassem de uma forma muito pouco usual.

"É intrigante especular se a magnitude dessas mudanças cerebrais está relacionada ao aumento da plasticidade (ou seja, a propriedade de ser facilmente modelado ou moldado) tanto no sentido neuronal quanto no comportamental", questionam os autores. No entanto, estes desdobramentos ainda precisam ser investigados em estudos futuros.

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Aqui, é preciso destacar que, durante todo o experimento, os voluntários eram acompanhados por uma equipe de profissionais que poderiam auxiliá-los em possíveis reações. O uso de substâncias psicodélicas e alucinógenas não é recomendado devido a seus efeitos adversos e riscos para a saúde.

Fonte: PNAS e Imperial College London