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Detalhes ocultos em arte egípcia de 3 mil anos são descobertos

Por| Editado por Luciana Zaramela | 13 de Julho de 2023 às 08h16

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Martinez et al./PLOS One
Martinez et al./PLOS One

Uma tecnologia de imageamento químico — ou seja, que detecta elementos específicos — revelou segredos em pinturas egípcias com mais de 3.000 anos, mostrando que correções e revisões também eram feitas na arte do Antigo Egito. Embora ainda não se saiba o motivo específico das mudanças, há teorias interessantes acerca das mudanças feitas em retratos de faraós como Ramsés II.

A colaboração entre uma equipe de cientistas da Universidade de Sorbonne, na França, e Universidade de Liège, da Bélgica, foi o que permitiu realizar a pesquisa de campo, que rendeu um artigo publicado na revista científica PLOS One nesta última quarta-feira (12). No geral, a arte do Egito Antigo é considerada como sendo o resultado de um processo de trabalho bastante formal e esquematizado, ou seja, com passos seguidos à risca por profissionais qualificados, dando origem a um habilidoso produto final.

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A maioria dos estudos sobre ela, no entanto, é feita em museus ou laboratórios, então sabemos pouco sobre as condições naturais do trabalho. Foi com isso em mente que os pesquisadores levaram equipamentos portáteis para fazer pesquisa de campo com imageamento químico.

Corrige essa arte pra mim, por favor?

Duas pinturas de capelas de templos egípcios na Necrópole de Tebas, próxima ao Rio Nilo, foram analisadas a fundo pela equipe de arqueólogos. As artes eram do Período Raméssida, de cerca de 1.200 a.C. Na primeira figura, foi identificado um “terceiro braço”, ou melhor, alterações feitas na posição do braço de um homem pintado na capela de Menna — mais especificamente, pintando por cima do membro.

Não há como saber exatamente porque o braço foi movido. Uma observação pode sugerir que foi por razões estéticas, com o braço estando longo ou afastado demais do corpo, por exemplo, mas isso é uma concepção moderna — como a arte era vista e pensada pelos egípcios é um mistério para nós. Evidências indicam que a mudança teria sido feita ainda durante o estágio inicial de decoração da tumba, então provavelmente não foi uma atualização de estilo artístico, por exemplo.

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Já a segunda pintura representa o faraó Ramsés II, na tumba de Nakhtamun (chefe do altar no Ramesseu), e sofreu muitas alterações no vestuário. É possível ver ajustes feitos na coroa, no cetro e no colar utilizados pelo monarca. O cetro parece ter sido mudado para ficar menor e não colidir com o queixo da figura, sendo provavelmente modificado a partir do rascunho.

A coroa foi alongada, mas não se sabe o porquê da mudança, se apenas estética ou simbólica. Sobre o colar, há a teoria de que o item originalmente pintado seria anacrônico, ou seja, de uma época que não bate com o reinado do faraó, o que pode ter levado um artista futuro a corrigir o erro com um colar correspondente.

Alterações são raras em pinturas como essa, o que torna a descoberta bastante interessante. Não há certeza sobre o tempo passado entre cada mudança e os motivos para isso, mas os pesquisadores reforçam que o método deve ser utilizado em outros sítios arqueológicos para buscar outras alterações que podem ter passado despercebidas pela falta de equipamentos ou interesse de levar tais análises a campo.

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Fonte: PLOS One