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Raios cósmicos podem revelar câmara mortuária escondida em pirâmide do Egito

Por| Editado por Luciana Zaramela | 16 de Março de 2022 às 14h30

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 Ricardo Gomez Angel/Unsplash
Ricardo Gomez Angel/Unsplash

Entre 2015 e 2017, um projeto chamado Scan Pyramids fez uma série de escaneamentos nas pirâmides do Egito, analisando múons (partículas cósmicas que caem na Terra o tempo todo) para detectar quaisquer espaços vazios no interior das gigantescas câmaras mortuárias. À época, foram encontrados dois vãos na Pirâmide de Gizé, um grande na galera principal, que leva à câmara do faraó Quéops, e um segundo, menor, na face norte da construção. Agora, uma nova equipe planeja realizar um novo escaneamento, maior e mais complexo.

A Grande Pirâmide de Gizé, a maior de todas as construções da categoria e única maravilha do mundo antigo ainda de pé, foi construída para o faraó Quéops, que reinou de 2.551 a.C. a 2.528 a.C. O maior dos vãos, acima do câmara do monarca, tem 30 metros de comprimento e 6 metros de altura: uma teoria é de que o espaço desconhecido abrigue sua câmara mortuária escondida. Há, no entanto, a possibilidade de que se trate apenas de uma cavidade utilizada no processo de construção da pirâmide.

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Método de escaneamento

Os múons, partículas elementares de carga negativa que se formam quando raios cósmicos colidem com os átomos da atmosfera, vindos do espaço. Os raios cósmicos estão chovendo sobre o planeta constantemente, e interagem de formas diferentes de acordo com a partícula na qual batem, ou seja, é possível distinguir quando uma delas encontra uma pedra ou apenas ar em sua trajetória. O plano dos pesquisadores, então, é posicionar detectores altamente sensíveis a essas partículas ao redor da Grande Pirâmide, conseguindo assim estudar áreas não alcançáveis diretamente.

O paper, publicado pelos cientistas no repositório arXiv, da Cornell University, é na verdade uma pré-publicação (pre-print), ou seja, ainda não foi revisada por pares. Nele, a equipe afirma que planeja utilizar um sistema telescópico 100 vezes mais potente do que os usados no último escaneamento.

Já que não há como posicionar os detectores dentro da pirâmide, a ideia é colocá-los do lado de fora e movê-los ao longo da base, coletando múons de todos os ângulos possíveis. Alan Bross, cientista do Fermi National Accelerator Laboratory e co-autor do artigo, diz que a sensibilidade dos equipamentos é tanta que pode revelar artefatos presentes nos vãos: se alguns metros cúbicos tiverem material como potes, metais ou madeira, eles serão distinguíveis do ar.

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O que falta?

Em uma palavra? Financiamento. O Ministério Egípcio de Turismo e Antiguidades já deu sua aprovação para o escaneamento pretendido pelos cientistas, mas há de arrumar dinheiro para a montagem e posicionamento do equipamento ao redor da pirâmide. Estima-se que a construção dos detectores levará cerca de dois anos — depois, mais um ano de observações com os telescópios, que gerará resultados preliminares.

Com eles, serão necessários mais dois ou três anos para coletar dados o suficiente dos múons para chegar na sensibilidade necessária ao estudo, segundo Bross. Sem o patrocínio, atualmente a equipe só consegue bancar simulações e desenhar alguns protótipos do projeto.

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Fonte: arXiv