Cientistas decifram profecias escritas em pedra há mais de 4 mil anos
Por Lillian Sibila Dala Costa • Editado por Luciana Zaramela |

Tabuletas de argila escritas em cuneiforme há mais de quatro mil anos e encontradas há mais de 100 anos no atual Iraque foram finalmente decifradas por cientistas. Um aspecto curioso é que os itens trazem profecias celestiais, ligando a morte de reis e queda de territórios ao movimento dos astros, como eclipses totais e parciais.
Quatro dos artefatos, relatam os pesquisadores, representam os mais antigos compêndios de augúrios (previsões) relacionados a eclipses lunares, mais especificamente. O fenômeno ocorre quando a Lua é eclipsada pela sombra da Terra. Os responsáveis pelo estudo são da Universidade de Londres e cientistas independentes, e publicaram sobre o tema na revista científica Journal of Cuneiform Studies.
Profecias lunares
As movimentações das sombras, hora da noite, data e duração dos eclipses determinavam qual augúrio seria o da vez. Se o fenômeno, por exemplo, escurece a lua “a partir do centro de uma só vez e se limpa da mesma maneira, um rei irá morrer, destruição de Elam”. Esse é o nome da região da Mesopotâmia onde fica o atual Irã.
Outra profecia diz que, se um eclipse começa no sul e então desaparece, isso significa a queda de Subartu e Acádia, cidades e regiões mesopotâmicas da época. Já se acontecesse à tardinha, o eclipse representaria pestilência.
Segundo os cientistas, é possível que as profecias tenham se originado de experiências verdadeiras, ou seja, catástrofes seguidas de eclipses reais, levando à correlação e causalidade dos fatos.
À época, conselheiros da realeza observavam o céu noturno em busca de sinais, juntando os acontecimentos ao corpo de textos proféticos, mas não ficavam só nisso — no caso de maus augúrios, um oráculo era consultado, realizando o extispício, ou seja, a leitura do futuro nas entranhas de animais.
Se o perigo da profecia fosse confirmado, então havia a possibilidade de realizar rituais para “cancelar” as forças do mal por trás do perigo, evitando a catástrofe. As tabuletas de argila estão no Museu Britânico e provavelmente vêm de Sippar, uma cidade importante do Império Babilônico que ficava no atual Iraque. A instituição adquiriu os itens entre 1892 e 1914, mas ainda está traduzindo seus escritos.
Fonte: Journal of Cuneiform Studies