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IA ajuda a traduzir textos cuneiformes de 5 mil anos

Por  • Editado por Luciana Zaramela |  • 

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Bjørn Christian Tørrissen/CC-BY-3.0
Bjørn Christian Tørrissen/CC-BY-3.0

Uma nova iniciativa usando inteligência artificial criou uma máquina capaz de traduzir os textos em acádio da mais antiga civilização do mundo, escritos em alfabeto cuneiforme de 5 mil anos atrás. Os responsáveis foram os cientistas da Universidade de Tel Aviv, que treinaram o computador para reconhecer os padrões das tabuletas de argila que contém as formulações no alfabeto antigo.

O idioma acádio, que pertencia às línguas semíticas do leste, era usado em diversas regiões da antiga Mesopotâmia, como Acádia, Assíria, Isim, Larsa, Babilônia e provavelmente Dilmun. Os humanos da época marcavam tabuletas de argila com um alfabeto baseado na forma de cunha (por isso o nome cuneiforme) em tempos tão antigos quanto 2.500 a.C. O acádio em si foi falado na região entre 3.000 a.C. e 100 d.C., sendo posterior ao idioma sumério.

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São guardados, até hoje, registros de centenas de milhares de tabuletas, que contém a história política, econômica, social e científica da Mesopotâmia, mas a maioria desses documentos de argila segue sem tradução — a falta de acessibilidade se dá pela sua quantidade em contraste com os poucos especialistas em acádio capazes de ler o idioma.

Treinando IA em acádio

Para começar o treinamento da inteligência artificial, os cientistas puseram a tecnologia para converter o acádio tirado do cuneiforme em uma transliteração no alfabeto latino, ou seja, apenas trazendo a língua para um ambiente mais legível a quem não é letrado na antiga escrita. A precisão do processo ficou em 97%, cortando muitas etapas da tradução, antes bastante complicada.

Já traduzir do acádio para o inglês diretamente, como é o objetivo dos pesquisadores, é uma tarefa muito mais complicada, já que envolve gerar sentenças e orações coerentes na língua a partir dos símbolos cuneiformes, bastante diferentes de representações linguísticas atuais. Isso se reflete no fato de que a IA se dá muito melhor na hora de traduzir decretos reais e profecias, textos que seguem padrões muito mais fixos.

Textos mais poéticos e literários, como tratados ou cartas de sacerdotes, apresentaram chances muito maiores de acabar gerando “alucinações”, um termo da IA usado quando a máquina gera resultados completamente não relacionados ao texto que deveria traduzir.

O objetivo da tradução neural de máquina (NMT, na sigla em inglês) é parte de uma colaboração máquina-humano dos pesquisadores para ajudar os estudiosos da língua e acadêmicos envolvidos com seu estudo. O modelo de tradução está disponível em código aberto no link Akkademia, do GitHub, e os pesquisadores estão desenvolvendo um aplicativo online chamado Babylonian Engine.

Fonte: PNAS Nexus, History, Heritage Daily