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Uma língua perdida foi descoberta em tabuletas de argila na Turquia

Por| Editado por Luciana Zaramela | 27 de Setembro de 2023 às 20h15

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Andreas Schachner/Deutsches Archäologisches Institut
Andreas Schachner/Deutsches Archäologisches Institut

Uma língua perdida, não mais falada por bocas humanas há milênios, foi redescoberta em tabuletas de argila em meio a ruínas na região centro- norte da atual Turquia. O sítio arqueológico que revelou o idioma é o de Boğazköy-Hattusha, também conhecido como Hattusa, onde uma vez esteve a capital do Império Hitita, hoje Patrimônio Mundial pela UNESCO desde 1986.

No local, ao pé da ravina Ambarlikaya, estão exemplos de arquitetura urbana antiga e obras de arte muito estimadas pelos historiadores, já que ficaram preservadas por séculos. Os hititas, responsáveis pelas construções, foram um povo indo-europeu que migrou para a Anatália, península onde fica a Turquia moderna, local onde estabeleceram um dos impérios mais impressionantes do final da Era do Bronze, de 1650 a 1200 a.C.

Registros hititas e línguas do passado

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Além de serem muito famosos pela habilidade bélica, os hititas também gostavam de manter registros de sua época e do mundo em que viviam. Eles preenchiam tabuletas de argila com descrições de suas batalhas e costumes, mas também falavam de outros povos, inclusive em sua própria língua.

Desde os anos 1980, arqueólogos encontraram quase 30.000 tabuletas com escritos cuneiformes no sítio de Hattusa, a maioria escrita em hitita — pesquisas recentes, no entanto, mostram que algumas foram cunhadas em uma língua previamente desconhecida aos historiadores.

Como a língua recém identificada ainda é misteriosa, não há como saber, por agora, o que os registros dizem. Segundo especialistas, no entanto, parece se tratar do idioma falado pelo povo de Kalašma, uma área na fronteira noroeste do território hitita, atuais cidades turcas de Bolu e Gerede.

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Algumas características mostram semelhança com a língua luvita, falada pelo povo lúvio e bem conhecida no Império Hitita — segundo os cientistas, isso é curioso, já que a região costumava conter mais falantes de palaico, habitantes de Palā, reino no noroeste hitita.

Outra suspeita levantada pelos estudiosos é de que a tabuleta trate de um antigo ritual cultista realizado em Kalašma. Os hititas tinham especial interesse em registrar rituais feitos em línguas estrangeiras — esses textos nos dão vislumbres valiosos sobre o panorama linguístico do final da Idade do Bronze na Anatólia, onde se falava do hitita ao luvita, palaico e hatita (não relacionada com as anteriores).

A língua está sendo chamada, pelos pesquisadores, de “kalasmaica”. Embora ela seja incomum, tem clara relação com as línguas indo-europeias, família que inclui os idiomas falados pela maior parte da Europa, platô iraniano e norte do subcontinente indiano. As línguas dessa categoria vão do hindu ao persa e do russo ao português.

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Na Europa, por exemplo, poucas línguas não são dessa família, como o basco, o húngaro e o finlandês. Agora, os trabalhos devem focar em determinar a proximidade do kalasmaico com dialetos luvitas, e em desvendar o significado de suas palavras.

Fonte: Universität Würzburg