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Asteroide que matou dinossauros levou tsunami de 100m a milhares de quilômetros

Por  • Editado por  Patricia Gnipper  | 

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Unsplash/Matt Paul Catalano
Unsplash/Matt Paul Catalano

Quando o meteoro impactador de Chicxulub atingiu o planeta, há 66 milhões de anos, um tsunami de proporções enormes se formou. Agora, cientistas estão estudando como teria sido o fenômeno, coletando amostras nos mares e fazendo simulações dos primeiros minutos após o impacto, que ocorreu próximo à península de Yucatán, no México, e dos efeitos que se seguiram.

Segundo os cientistas, a onda gigante teve força o suficiente para mexer nas bacias oceânicas de cerca de metade do planeta, deixando um buraco nos registros sedimentares ou misturando sedimentos mais antigos. Para o estudo, foram analisadas áreas sedimentares fronteiriças, ou seja, locais onde os sedimentos marinhos foram depositados antes ou logo após o impacto e a extinção K-Pg (Cretáceo-Paleógeno), observável até mesmo a olho nu devido à diferença no irídio trazido pelo asteroide.

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Sedimentos, oceanos e tsunamis

Calcula-se que a energia do tsunami causado pelo impacto foi 30.000 vezes maior do que a do tsunami de 2004, no Oceano Índico, que levou à morte de 23.000 pessoas e foi uma das maiores ondas da era contemporânea. Há 66 milhões de anos, o tsunami teria atingido o norte do oceano Atlântico, passado pelo canal centro-americano (que separava as Américas, à época) e o sul do Pacífico.

Nessas regiões, a corrente marítima provavelmente passou dos 20 centímetros por segundo, o suficiente para erodir sedimentos mais finos do fundo do mar. No sul do Atlântico, norte do Pacífico, no oceano Índico e no atual Mediterrâneo, os efeitos do tsunami não chegaram com tanta força, segundo as simulações — não passando dos 20 cm/s.

O estudo analisou registros de 164 áreas de fronteira sedimentar marinha, coletando informações úteis de 120 delas. Nas áreas mais impactadas, a fronteira K-Pg é menos clara: na Nova Zelândia, a mais de 12.000 km do impacto, os sedimentos estão incompletos e muito revirados, o que consiste com a rota prevista do tsunami. Já no Índico e Mediterrâneo, a fronteira é mais clara e completa, demonstrando ter se salvado dos impactos.

Assista ao vídeo com a simulação:

Com base em outros estudos, foi modelado um asteroide de 14 km de diâmetro, com velocidade de 12 km/s. Na simulação, o bólido colidiu com uma crosta de granito coberta de sedimentos grossos em águas oceânicas rasas, gerando uma cratera de cerca de 100 km de largura e ejetando nuvens densas de fuligem e poeira na atmosfera.

Dois minutos e meio após o impacto, uma cortina de material empurrou uma parede de água para fora do impacto, formando uma onda de curta duração com 4,5 km de altura, que se dispersou após as ejeções caírem de volta para a Terra. Nos 10 minutos seguintes — e a 220 km do impacto — um tsunami de 1,5 km começou a propagar em formato anelar, para fora e em todas as direções. Foram utilizados métodos e modelos que preveem tsunamis profundos atualmente.

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Dois modelos globais com fórmulas diferentes deram resultados quase idênticos, mostrando como os dados estavam completos, confiáveis e consistentes até mesmo em seções com dados incompletos. Continuando com os resultados, a equipe estimou que, 1 hora após o impacto, o tsunami já havia se espalhado para além do Golfo do México, indo para o norte do Atlântico.

Cerca de 4 horas após o impacto, as ondas já teriam passado do canal centro-americano, chegando ao Pacífico. Após 24 horas, as ondas já teriam cruzado a maior parte do Pacífico, para o leste, e a maior parte do Atlântico, pelo oeste, entrando no oceano Índico por ambos os lados. Dentro de 48 horas, ondas de tsunami já teriam chegado à maioria das costas mundiais.

O estudo não avaliou o nível de alagamento costeiro causado pelo tsunami, o que deve ser feito em uma pesquisa seguinte, já planejada. Os modelos indicaram, no entanto, o tamanho de algumas ondas: no Golfo do México, elas teriam chegado a 100 metros de altura, com mais de 10 metros no norte do Atlântico e em partes do Pacífico, na costa sul-americana. Ao chegar na região costeira, elas teriam aumentado, em um fenômeno chamado empolamento de onda. Nessas regiões, a velocidade teria chegado aos 20 m/s.

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Fonte: AGU Advances