Assustadora múmia de sereia do Japão é feita de macaco, peixe e dragão-de-komodo
Por Augusto Dala Costa • Editado por Luciana Zaramela |
Macaco, peixe e dragão — são esses os animais que fazem parte de uma suposta múmia de sereia centenária, trazida do Japão para os Estados Unidos e recentemente escaneada por cientistas para estudo de sua composição. Tal como o monstro de Frankenstein, a criatura foi costurada a partir de restos de vários bichos, criando uma aparência assustadora e, para a época, aparentemente bem convincente.
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A falsa criatura criptídea tem cerca de 29 centímetros e é conhecida como “Sereia de Fiji”, uma referência a um artefato com o mesmo nome comprado em Fiji pelo empresário e showman Phineas Taylor "P.T." Barnum, nos anos 1840. Já a múmia estudada foi comprada no Japão por um oficial naval do país, que a doou para a Sociedade Histórica do Condado de Clark, em Ohio, nos EUA, em 1906. Segundo a documentação que acompanhava o artefato, ele seria datado de meados dos anos 1800.
Do que são feitas as sereias
Para descobrir o que compõe a suposta múmia de sereia, pesquisadores escanearam o artefato com raios-x e tomografia computadorizada, permitindo vê-lo em praticamente todas as dimensões, revelando o interior. Descobriu-se que é um conjunto da cabeça e torso de um macaco costurados no corpo decapitado de um peixe, com as garras das mãos vindo de um lagarto, muito provavelmente um dragão-de-komodo (Varanus komodoensis).
Também há duas estacas de madeira no corpo do criptídeo, uma indo da cabeça à cauda e outra entre os ombros, provavelmente para sustentar toda figura e mantê-la intacta na posição “mumificada”. Agora, a ideia é criar um modelo ainda mais detalhado da sereia e cada parte individual a partir dos escaneamentos já realizados. Após completar essa análise, a equipe planeja levar os dados a zoológicos e aquários em busca das espécies específicas que fazem parte da falsa criatura.
A Sereia de Fiji é uma das muitas a serem analisadas recentemente. No ano passado, outra equipe científica analisou a chamada Sereia de Enjuin, publicando neste ano os resultados. Com 30,5 centímetros, ela era mais tecido, papel e algodão do que animal, mas ainda continha restos de mamíferos e escamas de peixe, bem como pele de baiacu na composição. Outras já descobertas já incluíram cabelo humano, armações de metal e torsos de madeira na fabricação.
Todas se parecem muito com o que se chama de “ningyo”, criaturas mitológicas japonesas com aparência de peixe e cabeça humana que confeririam longa vida. Em uma lenda, uma mulher comia um desses bichos e vivia por 800 anos, e a busca por essa longevidade fez com que pescadores começassem a desenvolver falsificações para vender a ricos, incluindo estrangeiros ocidentais, buscando vida eterna.
Fonte: Live Science