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As plantas "conversam" e em breve poderemos traduzir o que elas dizem

Por  • Editado por Luciana Zaramela | 

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DC Studio/Freepik
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Embora o corpo fale, a voz é o recurso mais usado pelos humanos na hora da comunicação. No caso das plantas, elas se comunicam de formas muito sutis e que podem passar despercebidas, como o uso de sinais elétricos. No entanto, a ciência está se aproximando do ponto em que conseguirá traduzir grande parte dessas mensagens.   

Inclusive, existe um ramo da ciência dedicado a estudar a comunicação das plantas através da sinalização elétrica, a Eletrofisiologia Vegetal. Os vegetais usam esses sinais para mandar mensagens a outras partes do seu próprio corpo e para vegetais vizinhos — calma, o mecanismo é bem menos desenvolvido que o nosso sistema nervoso, que também usa impulsos elétricos. 

“Com grandes avanços na área da tecnologia e da inteligência artificial (IA), temos visto um crescimento acelerado significativo nesta área de pesquisa nos últimos anos”, afirma Sven Batke, pesquisador da Universidade Edge Hill (Reino Unido), em artigo para a plataforma The Conversation.

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"Conversa" por sinais elétricos

Quando há um estímulo ambiental ou uma situação de estresse, as plantas podem ajustar seu estado fisiológico através da emissão de sinais elétricos. 

Por exemplo, quando as raízes estão em uma ambiente seco (estresse hídrico), são gerados sinais elétricos e estes se propagam até chegar às folhas. Ali, eles coordenam o fechamento dos estômatos (aberturas da epiderme do vegetal responsáveis pelas trocas gasosas). Isso impedirá a perda de água em um momento de escassez.

Na maioria das vezes, esses pulsos elétricos são uma das formas mais rápidas de comunicação, já que percorrem longas distâncias (das raízes até as folhas) e de forma mais veloz que os sinais químicos (de difusão lenta). 

Comunicação entre plantas vizinhas

Surpreendentemente, os sinais elétricos também podem ser transmitidos entre plantas vizinhas. Dessa vez, a rápida propagação ocorre de forma subterrânea, por meio das raízes (redes micorrízicas), já que o solo pode ser um bom condutor elétrico. Essa comunicação ocorre entre espécies diferentes, o que torna essa linguagem universal entre os vegetais.

Testando a comunicação vegetal

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De forma mais simples, existem alguns experimentos que permitem medir os sinais elétricos das plantas a partir de kits caseiros. Veja uma demonstração envolvendo a planta carnívora Dionaea muscipula:

No teste, os responsáveis utilizam um instrumento que mede os sinais elétricos, com o formato de agulhas. O instrumento demonstra quando ocorrem mudanças na sinalização ao estimular o espinho presente na armadilha (“boca”) da planta carnívora. Quando ele é tocado duas vezes, a armadilha se fecha e o inseto é “abocanhado”. Toda a ação é permeada pela sinalização elétrica. 

Como traduzir a fala das plantas?

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"Cientistas estão à beira de descobertas incríveis, com avanços recentes integrando comunicação de sinais elétricos dentro e entre plantas, em estufas modernas, para monitorar e controlar a irrigação de plantações ou mesmo detectar deficiências nutricionais”, comenta o cientista Batke.

Entender melhor essas formas de comunicação é algo fundamental, considerando que, cada vez mais, o solo é afetado por produtos químicos e as mudanças climáticas afetam as características locais. Interpretá-las de forma adequada poderá ajudar na proteção.

"Em breve, poderemos traduzir completamente a linguagem das nossas plantações”, aposta Batke. Dessa forma, será possível entender realmente as necessidades dos vegetais e, quem sabe, descobrir como preservar as árvores centenárias e até entender melhor o que ocorre após um incêndio florestal.

 

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Fonte: The Conversation