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Por que a Volkswagen está em crise na Alemanha?

Por  • Editado por Jones Oliveira | 

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Divulgação/Volkswagen
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Fundada em 1937 em Berlim, na Alemanha, a Volkswagen é uma das maiores marcas do planeta quando o assunto é carro. Apesar de sua quase centenária história, repleta de modelos icônicos e momentos de glória, a montadora bávara está enfrentando uma crise sem precedentes, inclusive em sua terra natal.

A situação é tão grave que até mesmo o fechamento de duas fábricas — uma de peças e outra de automóveis — na própria Alemanha vem sendo analisado pela alta cúpula, como revelou recentemente o diretor financeiro do Grupo Volkswagen, Arno Antlitz.

O executivo acendeu o sinal de alerta na última reunião realizada com a alta cúpula da empresa, no início de setembro, em Wolfsburg. Na ocasião, o responsável por controlar o fluxograma de dinheiro do grupo chegou a afirmar para o CEO Oliver Blume que “há apenas um ou dois anos” para a Volkswagen se recuperar das perdas recentes.

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Mas, afinal de contas, por que a Volkswagen está em crise na Alemanha? O que aconteceu para colocar em risco um grupo tão poderoso, dono de marcas como Lamborghini e Porsche, em um cenário até então nunca visto? É isso o que o Canaltech vai explicar nesta reportagem.

Covid-19 foi pontapé inicial na crise

A crise da Volkswagen na Alemanha não foi gerada por um fator isolado, mas, como todo mau momento, teve um desencadeador. No caso da marca de carros alemã, ele foi um ponto comum a milhares de empresas espalhadas pelo globo, e não apenas do segmento automotivo: a pandemia da covid-19.

Segundo Arno Antlitz, as vendas despencaram desde que a covid-19 surgiu e, até agora, não retornaram ao patamar pré-pandemia, não apenas na Europa, mas também em outros centros importantes para a marca.

Esse cenário, se não for alterado em breve, resultará em uma perda anual na casa de 500 mil carros. Para não incorporar tanto prejuízo, a ideia é cortar custos na produção e em outras áreas do conglomerado da VW.

China, Alemanha e “invasão de elétricos”

Além da pandemia, há outros fatores que ajudam a explicar por quê a Volkswagen está em crise na Alemanha. Um deles, aliás, tem relação com o próprio país, que vive um cenário econômico desfavorável.

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Analistas político-econômicos traçaram um paralelo entre o momento que a montadora atravessa com a crise financeira que assola a Alemanha. O PIB (Produto Interno Bruto) sofreu uma retração de 0,3% em 2023, após quatro anos de estabilidade, e deve fechar 2024 novamente em queda, segundo as previsões mais recentes.

Como a Volkswagen é a principal indústria do país e responde por cerca de 5% do PIB, ela é afetada pela retração econômica geral e, por sua vez, influencia diretamente na queda, em uma espécie de looping no qual ambos os lados sofrem perdas.

O terceiro e quarto pontos que explicam a crise da Volkswagen na Alemanha estão, de certa forma, interligados, pois dizem respeito à China e à invasão de carros elétricos. Afinal de contas, muitos deles são produzidos no país asiático e, posteriormente, exportados para os demais centros, como o alemão.

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Além das dificuldades em produzir carros elétricos (tanto que o ID.4 e a ID.Buzz, a Kombi elétrica, são oferecidos no Brasil somente por assinatura), a Volkswagen passou a perder mercado na China, outrora bastante lucrativo para a marca.

O cenário mudou por conta dos consumidores chineses, que passaram a comprar carros elétricos de fabricantes locais. Isso fez, entre outros pontos, que a BYD ultrapassasse a marca alemã em vendas na China em 2023.

Para minimizar as perdas, a estratégia da Volkswagen foi fechar parcerias com montadoras chinesas, como a JAC Motors, a Xpeng e a Rivian. Mesmo assim, ao menos até o momento, as joint ventures não renderam o suficiente para apagar o sinal vermelho e tirar a marca da crise.

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Brasil será afetado pela crise da Volkswagen?

A pergunta que você pode estar fazendo após tomar ciência da crise da Volkswagen na Alemanha e na China é se o cenário pode piorar ao ponto de também ameaçar as fábricas da montadora no Brasil. E a resposta é simples e direta: Não.

A montadora anunciou, em fevereiro, um investimento extra de R$ 9 bilhões aos R$ 7 bilhões previamente confirmados para o país no ciclo entre 2024 e 2028, que prevê o lançamento de 16 carros, incluindo novas gerações de modelos já em linha e outros inéditos, como o SUV herdeiro do Gol.

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De acordo com os executivos da marca, o trabalho da Volkswagen no mercado brasileiro é admirado por quem comanda a matriz e, por conta disso, não há qualquer menção, ao menos até agora, de o planejamento para traçado para cá, e para toda a América do Sul, mudar em um futuro próximo.