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Montadoras se unem à tecnologia para vender carros em tempos de coronavírus

Por| 11 de Maio de 2020 às 09h25

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Matheus Argentoni/ Canaltech
Matheus Argentoni/ Canaltech

Que o mundo não será mais o mesmo após a pandemia do novo coronavírus (Sars-CoV-2) já é consenso entre as pessoas, e muitos de nós, certamente, tiraremos lições importantes disso tudo. O isolamento social fez com que revessemos alguns conceitos em nossas vidas, não apenas no trato da saúde e pequenos hábitos, mas também quando pensamos no lado profissional e nossa rotina.

Com esse cenário, vimos alguns setores da economia serem mais afetados do que outros, como as companhias aéreas, agências de viagem, rede hoteleira e de automóveis. Segundo a Fenabrave (Federação Nacional Distribuição Veículos Automotores), a venda de carros no Brasil caiu 76% em abril, enquanto a produção despencou ainda mais: 99%. Mesmo assim, o segmento está sabendo se adequar a essa realidade passageira: o de automóveis.

Comprar um carro não é tão rápido no Brasil e é uma tarefa que, diante das peculiaridades do nosso mercado, exige tempo e sacrifício. É preciso levar em conta não apenas o modelo escolhido em si, mas também os custos de manutenção, seguro, revisões, consumo, valor de revenda e por aí vai. Sem contar, é claro, com o test-drive, que é determinante para que todo o negócio possa acontecer.

Mas como as montadoras têm lidado com isso em meio à crise do novo coronavírus? Cidades como São Paulo, por exemplo, estão em situação de fechamento quase que total do comércio e as concessionárias estão inseridas nessas proibições. Para tentar seguir com as vendas, mesmo que com grande queda, as marcas estão se reinventando e fazendo uso da tecnologia para efetuarem os negócios.

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Vendas 100% online

A alternativa mais óbvia é transferir todo o balcão de negócios para uma plataforma online. Mas as empresas têm agido cada uma dentro de suas características para minimizar os impactos do coronavírus em sua saúde financeira e de vendas.

A Chevrolet, por exemplo, na esteira do lançamento da nova Tracker, anunciou que é possível efetuar a compra de todo o seu portfólio por meio do seu site oficial, sem a necessidade de fazer nenhuma etapa do processo fora de casa. O cliente, além de escolher o modelo, pode montá-lo como quiser, com todos os opcionais disponíveis. Caso queira experimentar o carro antes de efetuar, de fato, a compra, o concessionário mais próximo levará o automóvel em sua residência, em uma espécie de test-drive delivery. O serviço, aliás, também funciona para cidades onde não há quarentena, o que indica que, após a pandemia, essa alternativa pode continuar valendo.

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Já a FIAT, que já possuía uma plataforma de vendas online, manteve o serviço e anunciou algumas medidas importantes durante a pandemia da COVID-19. Além de montar seu carro e entregar em domicílio, a montadora italiana oferece uma série de benefícios para profissionais da saúde que queiram adquirir um novo veículo, como a extensão do prazo para revisões e a gratuidade desse serviço até os 60 mil quilômetros.

Para os demais clientes e visando aquecer o mercado, a FIAT também anunciou que negócios fechados até o dia 31 de maio terão o financiamento iniciado apenas em 2021. Ou seja, a montadora, em meio à crise, está facilitando a compra dos automóveis não apenas pelo canal de vendas, mas também sob o ponto de vista econômico.

Bem parecido com o que fez a Ford, que, além de disponibilizar um serviço completo de vendas online, também está facilitando o pagamento com uma carência de 90 dias para o financiamento. Além disso, a montadora norte-americana aproveitou a ocasião da pandemia da COVID-19 para lançar um serviço completo de limpeza, higienização e desinfecção automotiva, o Ford Clean, que contempla um cuidado detalhado com os carros na hora das vendas e revisões.

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A Nissan, por sua vez, adotou a inteligência artificial e chatbots para as vendas dos automóveis. A fabricante japonesa é uma das únicas a adotar esse expediente para atendimento automatizado imediato, criando o Nissan Bot, além do atendimento via redes sociais, WhatsApp e site. E sempre que um consumidor solicita atendimento humano por algum desses canais, a marca disponibiliza uma consultoria digital para tirar dúvidas e esclarecer pontos sobre os produtos e serviços de maneira ágil e precisa.

Além disso, a montadora também oferece um test-drive delivery com o veículo totalmente higienizado. Para o caso de manutenção, o concessionário mais próximo também busca o carro do cliente em casa.

A Volkswagen adotou a realidade virtual para auxiliar os clientes a comprarem veículos da marca. Graças a essa tecnologia, o cliente poderá fazer um tour por cada um dos produtos usando o DDX (Digital Dealer Experience). A montadora, que vai lançar o crossover Volkswagen Nivus em breve, espera que toda a sua rede de concessionárias já esteja com o sistema atualizado até lá.

"Este novo modelo de venda permite, por meio da tecnologia, acessar todo o portfólio de veículos da VW e configurar o carro de acordo com as expectativas e necessidades dos clientes. As concessionárias digitais fazem parte do processo de transformação digital que a Volkswagen está implementando. Elas oferecem uma nova experiência de compra de automóveis, muito mais dinâmica, que atende um perfil de consumidor cada vez mais bem informado sobre tecnologia e conectividade", explicou Gustavo Schmidt, vice-presidente de Vendas & Marketing da Volkswagen, à reportagem do Canaltech.

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Há, também, quem optou por utilizar as redes sociais como canal de venda. A BMW disponibilizou alguns de seus modelos para serem vendidos diretamente pelo Instagram. O cliente escolhe entre os carros 18i Sport GP, 218i Sport GP, 320i Sport, X1 sDrive20i GP e X2 sDrive18i GP e, ao clicar no automóvel desejado, é levado para uma aba e tem de preencher um formulário, que inclui informações pessoais, disponibilidade do produto, endereço e concessionária em que quer finalizar a compra. A entrega também é feita em domicílio.

O próximo passo, segundo a BMW, será integrar a plataforma ao WhatsApp.

Serviços alternativos

Além das montadoras, existem muitas lojas que compram e vendem automóveis novos e usados. Há, inclusive, plataformas que facilitam esse processo, mas ele sempre precisa ser finalizado presencialmente, sobretudo na parte mais burocrática da negociação. Porém, um serviço alternativo e muito interessante que pode ser utilizado para a compra e venda de automóveis sem que o cliente precise sair de casa é dos auto brokers.

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A BMZ Auto Brokers criou uma rede de concessionárias online que dispensa a necessidade de loja física. Com uma série de “corretores”, a empresa negocia os carros dos clientes 100% online e sem que um estoque precise ser criado.

Ancorada no modelo de franquias, a BMZ possui 47 franqueados espalhados em 13 estados do Brasil. Visando ampliar de todas as formas a comodidade dos clientes, a empresa simplifica o processo tanto para aqueles que pretendem vender quanto aos que desejam comprar um veículo.

Os franqueados atuam desde a captação, quando fotografam o veículo e realizam vistoria, à publicação online, quando o automóvel entra na plataforma online de venda 100% periciado e está pronto para a venda. Detalhe: o cliente não precisa sair de casa para absolutamente nada. “Caso você queira comprar um carro e, por um acaso, não o tenhamos em nosso sistema, o franqueado faz uma captação e localiza este automóvel para você e inicia a negociação com o dono desse carro em questão e coliga tudo por meio da BMZ”, explica Márcio Leitão, fundador da BMZ, em entrevista ao Canaltech.

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Para os que querem vender, além de garantir segurança na forma de pagamento e na legitimidade do veículo assegurada pela perícia, a empresa permite que o cliente não se preocupe em receber um estranho em sua casa para avaliar o carro. Atualmente, o valor cobrado pela BMZ Auto Brokers pelo serviço prestado é de 6% sobre o valor da venda, apenas se o negócio for fechado.

“Todo o processo, tanto para compra quanto para venda, dura aproximadamente 20 dias. É um pouco mais demorado do que o habitual, mas o cliente não precisará sair de casa para absolutamente nada. Todos os nossos brokers farão o trabalho de documentação e as assinaturas podem ser feitas por meio de contratos online”, salienta Leitão.