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Enchentes no RS | Seguro cobre carros destruídos pela água?

Por| Editado por Jones Oliveira | 14 de Maio de 2024 às 11h19

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Chris Gallagher/Unsplash/CC
Chris Gallagher/Unsplash/CC

O Rio Grande do Sul conta com uma frota de aproximadamente 7,6 milhões de veículos em 2024, incluindo carros, motos e caminhões. Milhares deles acabaram parcial ou totalmente destruídos nas enchentes causadas pelas fortes chuvas e pela consequente alta do nível de água do Rio Guaíba, desde o fim de abril.

As cenas registradas em fotos e vídeos que circulam pela internet mostram o rastro de destruição deixado por uma das maiores catástrofes naturais que já atingiram o Sul do país. E levantaram uma questão importante: o que acontece com os carros destruídos pelas enchentes no RS, o seguro cobre?

Antes, há que se pontuar que dificilmente todos os carros atingidos pelas chuvas tenham apólice de seguro que garanta o conserto ou, em caso de perda total, a reposição do bem. Independentemente disso, os carros destruídos precisam deixar as ruas quando a água baixar e serem levados para algum lugar, certo?

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Os carros sem seguro, total ou parcialmente destruídos, precisam ser recolhidos pelos proprietários para não serem encaminhados aos pátios do Detran local. E os que estão com o seguro em dia? A reportagem do Canaltech entrou em contato com várias seguradoras para saber como elas têm tratado essa situação atípica e o que está sendo feito em relação aos carros destruídos com apólices vigentes. 

CNseg "fala" pelas seguradoras

As companhias de seguro foram unânimes ao pedir à reportagem para que procurássemos a CNseg, Confederação Nacional das Seguradoras. Em nota oficial enviada ao Canaltech, o órgão explicou o que vem sendo feito para dar conta dos milhares de carros destruídos pelas enchentes do RS. E, mesmo sem divulgar números sobre os prejuízos e perdas, revelou ter pedido às associadas que estendam o prazo de pagamento para renovação das apólices.

Segundo a CNseg, os prejuízos materiais atingiram cerca de 90% dos municípios e ativaram "uma das maiores operações já registradas pela indústria nacional do seguro". O órgão confirmou que todas as 140 empresas associadas vêm atuando conjuntamente desde o dia 29 de abril para dar suporte aos clientes de Seguros Gerais, Saúde Suplementar, Previdência e Capitalização.

A CNseg destacou ainda que todos os processos estão sendo feitos com a maior agilidade possível para garantir o pagamento rápido das indenizações aos segurados. Apesar disso, pontuou que, "embora entenda a demanda da sociedade e da imprensa por maiores detalhes", a divulgação de valores de indenização neste momento seria prematura. O órgão lembrou que "somente agora os cidadãos atingidos estão contatando as seguradoras para relatar os sinistros".

"Diante do desafio representado pelos graves problemas de infraestrutura vividos pelos cidadãos, que incluem estradas bloqueadas, falta de água e luz e serviços públicos comprometidos, a Confederação Nacional das Seguradoras recomendou as seguradoras a estenderem os prazos de pagamento e de renovação das apólices, em função das chuvas da semana passada", acrescentou o órgão.
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Apólices cobrem acidentes naturais?

Além da palavra oficial da CNSeg, procuramos alguém que trabalha no ramo para falar sobre o assunto. Cleber Gregório de Oliveira Santos, representante da TAYSAM Seguros, companhia que trabalha com apólices da Porto Seguro, Tokio Marine, Liberty e outras, explicou ao Canaltech qual é o procedimento padrão em casos de acidentes naturais, como inundações ou alagamentos.

Segundo o especialista, ambas as situações costumam estar previstas mesmo nas apólices de veículos mais simples, e a diferença básica entre “inundações e alagamentos” está entre causa e efeito (a chuva causou a inundação). “No caso específico do que vem ocorrendo no RS, como foi a chuva que causou tanto os alagamentos quanto as inundações, a cobertura está garantida”, explicou.

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O representante da TAYSAM acrescentou ainda que a cláusula relacionada às enchentes só tem possibilidade de ser anulada, ou seja, negada pela seguradora contratada caso fique constatado que o motorista do carro forçou a passagem por uma área de risco e, por conta disso, ficou com o carro danificado.

De acordo com Cleber, o motorista que quiser arriscar passar por uma área alagada precisa se atentar ao nível da água, que deve estar, no máximo, em um altura de até a metade da roda. Caso contrário, o avanço caracteriza uma situação de risco e o pagamento da apólice pode ser contestado e, muitas vezes, negado.

Carro na enchente: perda total ou parcial?

Os carros atingidos pelas águas nas enchentes do Rio Grande do Sul podem não ter a chamada perda total decretada pelas seguradoras. Para que a "PT" ocorra, segundo os especialistas consultados pelo Canaltech, é preciso que os valores dos danos ultrapassem 75% do preço total do carro.

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Os valores de referência são os vigentes pela Tabela Fipe e, caso os custos para reparo fiquem abaixo de 75% do preço do carro, ele terá a perda total negada e precisará ser levado a uma oficina para os consertos necessários.

Nesses casos em que não há perda total, o procedimento é similar ao de um sinistro comum (batida). Isso significa que os proprietários arcarão apenas com a franquia estabelecida em contrato. Assim, os custos que ultrapassarem esse valor ficarão por conta da seguradora.

No caso da perda total ser caracterizada, os carros destruídos pelas enchentes no RS são recolhidos pela seguradora e encaminhados para locais apropriados, onde serão desmontados e inutilizados, às vezes por completo, quando não houver possibilidade de reaproveitamento ou reciclagem das peças.

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Concessionárias também sofrem grandes perdas

As enchentes no RS não afetaram apenas a população comum. De acordo com dados do Sindicato dos Concessionários e Distribuidores de Veículos do Estado do Rio Grande do Sul (Sincodiv), cerca de 300 lojas de carros foram vítimas das inundações e não conseguiram tirar os carros a tempo de evitar danos maiores.

Isso representa 42% das 720 unidades espalhadas por toda a região. O órgão não contabilizou, até o momento, qual o prejuízo exato com as perdas das 300 concessionárias atingidas, afirmando apenas que “centenas de carros 0km” foram destruídos.