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Análise | Volkswagen Gol automático é um dos carros mais honestos do Brasil

Por| 06 de Setembro de 2020 às 09h30

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Felipe Ribeiro/ Canaltech
Felipe Ribeiro/ Canaltech
Tudo sobre Volkswagen

O Canaltech já está há algum tempo testando automóveis e, em nossas análises, já apareceram carros de todo o tipo. Grandes, pequenos, tecnológicos, potentes, elétricos, híbridos, bonitos, feios e por aí vai . Sempre buscamos mostrar o que cada um desses produtos nos oferece, seus prós, contras, e motivos para ter ou não um desses.

Mas, nem eu mesmo poderia imaginar que, um dia, fosse analisar um modelo que há mais de três décadas é sucesso absoluto de vendas e que, mesmo com rivais renovados, modernos, equipados, tecnológicos e até mais eficientes, ainda é capaz de ser um dos veículos mais honestos no mercado brasileiro. Sim, meus amigos, estamos falando dele: Volkswagen Gol.

Aí você deve estar se pensando: por que o Canaltech teria interesse em testar um VW Gol com tantas opções mais tecnológicas no mercado? A resposta é simples (mas nem tanto. Automóveis, tal qual os smartphones e demais gadgets, se tornaram uma extensão de nosso corpo e nada mais justo que abordemos todas as opções disponíveis no mercado, para todos os gostos e bolsos. Mas, menosprezar o Gol, por maiores que sejam suas limitações, não me parece uma atitude sábia.

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Com a adição do câmbio automático de seis velocidades nos idos de 2018, o GOL ganhou uma sobrevida e ainda vende razoavelmente em todas as suas versões aqui no Brasil.

Os motivos? Confiram em nossa análise!

Carrinho guerreiro

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Algo que percebemos no dia a dia com o VW GOL é como ele é gostoso de guiar e justo em nossas mãos. Nem mesmo a defasada direção hidráulica incomoda, pois o carro, por ser leve (apenas 1055kgs), não nos exige muito em manobras e outros exercícios. E por ser leve e compacto, seu motor 1.6 MSI, o mesmo que equipa as versões intermediárias do Polo, mas com uma recalibragem que lhe rende um pouco mais potência, 120cv e excelentes 16,8 kgf/m de torque quando abastecido no Etanol, dão ao gol uma agilidade absurda, com um 0 a 100km/h em apenas 10,1 segundos.

Mas, algo que ainda impressiona nesse veículo é a sensação de robustez e confiabilidade. Por mais que não seja feito sob a moderna plataforma que já abriga carros como Polo, Virtus, Nivus e T-Cross, o Gol, por incrível que pareça, tem um rodar mais firme e confortável que seus irmãos maiores. Em termos de segurança, que é algo que falaremos mais à frente, ele deixa a desejar, mas, se levarmos em conta apenas sua dirigibilidade, o Gol é uma delícia.

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O consumo, por sua vez, é honesto. Segundo nossas marcações, que foram feitas com etanol, no circuito urbano o Gol marcou 8,5 km/l na cidade e 11 km/l na estrada. E, mesmo sem o downsizing que já aparece no Polo e demais concorrentes, traz uma eficiência elogiável. Para o dia a dia, mesmo com suas imperfeições, o Gol se mostrou um dos mais interessantes.

Conectividade, segurança e conforto

Aqui, talvez, o Gol possa perder sua clientela. Por mais que sua central multimídia seja bem completa e compatível com o Android Auto e o Apple Car Play, seu sistema de som é dos mais comuns que temos no mercado, deixando muito a desejar quando queremos escutar um som um pouco mais alto. A tela, apesar de pequena, é rápida e responsiva, sendo bem posicionada, tal qual já acontece no Polo e no Virtus.

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Agora, em termos de segurança, o Gol já começa a expor as fragilidades de seu projeto. São apenas dois airbags, não há controles de estabilidade e tração, e o sistema de frenagem é o básico, sem a distribuição eletrônica vista em rivais de igual simplicidade, como o Ford Ka. O cinto de três pontos, sistema ISOFIX e apoio de cabeça para os três ocupantes atrás só apareceram na edição 2021 do carro.

Outra falta grave do Gol é a ausência da câmera de ré para manobras. Por menor que ele seja, hoje é um item quase que obrigatório em carros na faixa de preço do modelo que testamos. Apesar disso, há o sensor de proximidade traseiro.

Já na parte do conforto, temos aqui um dilema e acho que vamos arranjar briga com os fãs do Polo. O gol, apesar de ter menos "chão" do que seu irmão maior, balança muito menos e tem uma suspensão mais adequada para as nossas ruas. Como vocês bem sabem o Polo é um projeto global da Volkswagen e, por mais moderno e completo que ele seja, em certas situações chegamos a passar muita raiva com ele, devido à sua suspensão dura e que não absorve bem as imperfeições de nossas ruas.

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O espaço, como era de se imaginar, não é dos melhores para quem possui mais de 1,80, como é o meu caso, mas quatro adultos viajam relativamente bem no Gol, sem cansaço ou algo do tipo. NO entanto, seu isolamento acústico é outra coisa que entrega a idade do projeto, sendo bem deficitário, sobretudo na estrada.

Por que ele é honesto e o que poderia ser diferente?

Depois do Fusca, penso que o Gol é o maior sucesso da Volkswagen em solo brasileiro. Mas, estratégias da própria montadora fizeram com que esse carrinho ficasse em segundo plano e deixasse de ser o mais vendido do Brasil já há algum tempo. Nem mesmo a entrada do câmbio automático, que deu uma sobrevida interessante ao carro, foi suficiente para alavancar as vendas do Gol a ponto de fazer com que ele brigasse com o Chevrolet Onix e o Hyundai HB20, outrora "alcançáveis" para o compacto alemão.

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Apesar disso, considero que o Gol é um dos carros mais honestos do Brasil pelo seguinte: ele cumpre o que promete. O Gol nunca se posicionou como algo que ele não é na prática, como seu irmão Polo, por exemplo, que é chamado pela empresa de "Mini Golf". Aqui temos um veículo bom de dirigir, com manutenção barata, seguro em conta, econômico e com desempenho para lá de satisfatório.

No entanto, caso eu ditasse alguma regra na Volkswagen, teria feito algo bem diferente e que teria, talvez, mudado o destino não apenas do carro, mas da própria montadora. Sei que existem estratégias globais a serem seguidas e nem sempre a filial brasileira pode mudar o rumo das coisas, mas, já imaginaram se a Volkswagen, ao invés de lançar o Polo, fabricasse esse mesmo carro sob o nome e a fama do Gol? Suspeito que venderia muito mais do que o Onix.

Mas, já que isso foi feito, algumas coisas podem ser mudadas para que, em um futuro próximo, o Golzinho possa brigar nas cabeças novamente.

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Logo de cara, dar mais segurança ao carro. O posicionamento de mercado não precisa mudar, mas equipá-lo com uma plataforma mais segura e aumentar seu pacote de proteção seria peça-chave nesse quebra-cabeças automotivo. Além disso, uma repaginação no interior, algo sempre criticado por usuários e imprensa, se faz urgente.

Apesar do motor 1.6 ser bem interessante, o 1.0 TSI de 105cv que equipa o Up! TSI pode dar ao Gol um desempenho ainda melhor e mais divertido, além de mais eficiente, claro. No aspecto tecnológico, uma atualização geral é bem-vinda, com um conjunto óptico mais moderno e itens como controle de estabilidade e tração sendo ofertados para ontem.

O design, apesar de agradar muito e dar um aspecto até fofo, pode ser aperfeiçoado, com linhas mais modernas e retilíneas, como ocorre no Polo. Seria demais viajar e pedir um Gol Coupé, como ocorre no Nivus? Acho que sim.

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Honestidade não basta

Vale muito a pena ter um Volkswagen Gol automático se você precisa de conforto e não quer gastar muito dinheiro com outros modelos concorrentes. Embora existam até carros de outras marcas com preços parecidos e mais equipados, a manutenção barata e a robustez que esse compacto oferece — além da clientela fixa e fiel — garantem que ele tenha um número de vendas até que interessante.

Para voltar a ser líder de mercado, o Gol precisa, de fato, chegar ao Século XXI e, por mais honesto que ele seja, uma hora a vida cobra uma mudança e penso que chegou a hora.

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O Volkswagen Gol automático avaliado pode ser encontrado em concessionárias de todo o Brasil por R$ 62.600.

O VW Gol utilizado nesta análise foi gentilmente cedido pela Volkswagen do Brasil ao Canaltech.