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Google acusa Apple de "atrasar a indústria" e pede implementação do RCS no iOS

Por| Editado por Douglas Ciriaco | 11 de Janeiro de 2022 às 15h55

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Imagem: Adem AY/Unsplash
Imagem: Adem AY/Unsplash
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A confusão sobre a exclusividade do iMessage e o preconceito com os “balões verdes” das mensagens de quem usa Android continua nesta terça-feira (11). Agora, o vice-presidente sênior do Google, Hiroshi Lockheimer, voltou a comentar sobre o assunto e admitiu que não espera que a plataforma seja aberta para o Android, mas, na verdade, que a Apple adote o padrão atualizado de mensageria RCS.

“Não estamos pedindo que a Apple disponibilize o iMessage no Android. Pedimos apenas que a Apple implemente suporte ao padrão da indústria de mensageiros modernos (RCS) no iMessage, assim como eles já fazem com os padrões SMS/MMS”, disse o executivo.

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O protocolo de comunicação RCS (Rich Communication Services) não é uma novidade no mercado, mas a popularização dele passa por vários obstáculos — incluindo a adesão da Apple. O padrão permite enviar mensagens com mais de 160 caracteres, documentos, áudios, vídeos, imagens, ver status de digitação, criação de grupos e muito mais, bem parecido com o que mensageiros populares fazem.

O iPhone, porém, não suporta o padrão e, por isso, toda conversa entre usuários Apple com pessoas que usam Android acontece via SMS (ou MMS, quando mídias são enviadas). Neste caso, o papo é ilustrado com balões verdes, cor que foi centro de polêmica num artigo do WSJ e motivou Lockheimer a se manifestar no fim de semana, em que acusava a Apple de usar a "pressão de colegas" para reter usuários no ecossistema.

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Apple estaria atrasando a indústria

“O SMS evoluiu, e está bem melhor. Agora, você pode ver se a mensagem foi recebida, conferir indicadores de digitação, ter grupos melhores, mais segurança e mais”, pontuou Lockheimer. “O suporte ao RCS iria aprimorar a experiência tanto para usuários de iOS quanto de Android. Isso mesmo: o RCS também melhoraria a experiência e a privacidade de usuários do iOS”, completou.

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Para Lockheimer, a resistência da Apple em adotar o RCS representa um atraso para a indústria. A marca estaria “retendo a experiência do usuário” não apenas para quem usa Android e quer se comunicar com quem tem iPhone, mas também para os próprios clientes.

Será que o RCS vem aí?

Adotar o padrão RCS é, de fato, um fator positivo para os usuários em geral, mas a adesão ao protocolo poderia resultar num duro golpe para uma das principais vantagens do iPhone: o acesso aos recursos do iMessage. Embora a Apple não faça dinheiro diretamente do app de mensagens, tê-lo sobre seu guarda-chuva ajuda a reter usuários no ecossistema.

No Brasil, isso pode não representar muita coisa, já que o WhatsApp é o principal mensageiro do país e o aplicativo da Maçã sequer aparece nas maiores análises, mas o cenário é diferente nos Estados Unidos. Nas terras do Tio Sam, a briga de popularidade é travada entre o Facebook Messenger, Instagram e, em terceiro lugar, o iMessage.

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Documentos revelados na briga judicial entre a Apple e a Epic Games mostraram que a marca já cogitou dar fim à exclusividade do iMessage, mas a ideia não foi para frente. Abrir as portas do app para o Android significaria “remover uma barreira” para que as pessoas comprassem celulares com o sistema do Google, já que elas poderiam se comunicar do mesmo jeito.

Algo semelhante, portanto, pode ser visto sobre o RCS. O protocolo de mensagens é tão eficiente quanto os principais mensageiros e, com ele, não seria mais necessário diferenciar usuários entre balões verdes e azuis. Tampouco implementar funcionalidades exclusivas de bate-papo, já que o padrão é mais versátil que o SMS/MMS.

Sendo assim, abraçar o RCS teria efeitos semelhantes ao fim da exclusividade do iMessage — só que sem a necessidade de disponibilizar o app na Play Store. O efeito disso poderia ser marcante para as vendas da Apple, principalmente em países em que ela domina, como nos EUA.

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Fonte: Hiroshi Lockheimer