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Homem de Ferro | Quando Tony Stark parou de vender armas nas HQs?

Por| 10 de Junho de 2024 às 21h53

Marvel Comics
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Como todo mundo sabe, as produções culturais e de entretenimento seguem o que acontece no mundo. É como olharmos para a janela de casa com aquela pitada de fantasia, sci-fi, aventura, ação, romance e suspense que todo mundo adora. Os personagens da Marvel Comics costumam estar mais alinhados com as mudanças da sociedade, e um dos exemplos disso é a mudança de comportamento de Tony Stark.

Vale comparar a versão mais famosa de Stark, na pele de Robert Downey Jr., para que todo mundo note melhor a diferença a partir dessa referência, da mesma forma que o CBR fez. De acordo com o site, a trama e o comportamento do Homem de Ferro passaram por alterações devido a uma ordem do governo dos Estados Unidos, que não gostou do tom que a história aplicava aos vendedores de armas — afinal, quem é o maior comerciante nesse setor?

Assim, a solução encontrada pela equipe criativa do filme acabou tornando a transição de um bilionário narcisista para um herói inventor de forma mais dinâmica e natural. O governo não queria que Stark apenas parasse de vender armas, mas que também se tornasse uma figura proativa nessa causa, como forma de desafiar o pai negando sua “herança maldita”, enquanto a Stark Entreprises continuasse fazendo grana.

Embora o Tony Stark de hoje estar muito mais alinhado com essa fase anti-armas nos quadrinhos e cinema, quando o Homem de Ferro estreou, em 1962, o discurso armamentista aumentou nos bastidores, devido ao auge da Guerra Fria. Anos depois, o fracasso dos Estados Unidos na Guerra do Vietnã ganhou força entre os argumentos em prol de uma revolução cultural e social fomentada pelos movimentos de contracultura. Assim, a concepção inicial ficou na contramão das preferências dos jovens.

Homem de Ferro vendendo seus cacarecos que viram armas (Imagem: Reprodução/Marvel Comics)
Homem de Ferro vendendo seus cacarecos que viram armas (Imagem: Reprodução/Marvel Comics)

“Acho que me dei um desafio. Foi o auge da Guerra Fria. Os leitores, os jovens leitores, se havia uma coisa que odiavam, era a guerra, os militares. Então consegui um herói que representou isso ao centésimo grau. Ele era fabricante de armas, fornecia armas para o Exército, era rico e industrialista. Achei que seria divertido pegar o tipo de personagem que ninguém gostaria, nenhum de nossos leitores gostaria, e enfiá-lo goela abaixo e fazê-los gostar dele... E ele se tornou muito popular”, disse Stan Lee, ao falar sobre a criação do Homem de Ferro.

Quando ele parou de vender armas?

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Stark seguiu vendendo armas nos quadrinhos durante todo os anos 1960, até porque, na época, isso dava ao personagem um aspecto de inventor e fabricante popular e bem pago Seu alinhamento com o governo mantinha seu perfil “politicamente correto” — e era essa a visão de um homem de sucesso no período.’

No início da década de 1970, porém, Lee estava certo, e o público em geral não estava mais entusiasmado com a ideia de acompanhar as aventuras de um fabricante de armas que alimentou a Guerra do Vietnã. E aí entra em cena o escritor Mike Friedrich, um pacifista brisado, decidiu fazer com que Tony abandonasse o comando da produção de armas das Indústrias Stark em Iron Man #50, de 1972 (de Friedrich, George Tuska e Vince Colletta), decidindo se concentrar na pesquisa espacial e na tecnologia antipoluição.

Dez anos depois de sua estreia, Stark decide parar de vender armas (Imagem: Reprodução/Marvel Comics)
Dez anos depois de sua estreia, Stark decide parar de vender armas (Imagem: Reprodução/Marvel Comics)

Tony então renomeou a empresa de Stark Industries para Stark International para comemorar a mudança de direção da empresa. Mas, ainda assim, ele continuou vendendo armas, porque, no final das contas, são produtos caros que seguiam caracterizando bem seu lado inventor, industrialista e bilionário alinhado com o governo — mas claro, com um perfil mais atualizado com seu lado heróico.

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O herói teve Stark International cobiçada pela SHIELD, e, bem Tony continuou inventando e aumentando o poder de fogo de suas próprias armaduras e de veículos como Quinjets; estruturas e sistemas de defesa dos Vingadores — note que somente aí, de 1980 a 2008, ano de lançamento do filme Homem de Ferro, o conceito de “arma” ficou mais nebuloso e até confuso.

Veja bem, Tony não fazia parte da galera da contracultura, e nunca fez. Pelo contrário, a Guerra Civil dos quadrinhos tinha o Homem de Ferro como um claro antagonista, até com o comportamento de um vilão mesmo. A trama, que ecoava traços da Guerra da Secessão, tinha Steve Rogers lutando pela liberdade, como sempre, enquanto o inventor bilionário ao lado do governo, querendo enquadrar os rebeldes — nos cinemas, a popularidade de Downey Jr. impediu que o filme o tornasse o criminoso da trama.

Ainda assim, Tony sempre teve um lado questionador bastante irônico e canastrão ,que só foi encontrar seu verdadeiro humor e equilíbrio quando Robert Downey Jr. se tornou o próprio Homem de Ferro — não sei vocês, mas será difícil um dia dissociar essa imagem e aceitar um outro ator interpretando o Gladiador Dourado dos Vingadores.