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Ghostwire: Tokyo veio para criar um tour virtual (e paranormal) pela cidade

Por| Editado por Bruna Penilhas | 21 de Março de 2022 às 13h00

Divulgação/Bethesda
Divulgação/Bethesda
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Logo nas minhas primeiras horas analisando Ghostwire: Tokyo, passei por uma sequência de passarelas e comecei a reconhecer o local de forma clara. O clima ajudava, já que estava assim na primeira vez que estive ali na vida real, à noite e com uma chuva forte. Pensei estar na estação de Shibuya e, segundos depois, o próprio jogo confirmou o que eu estava pensando. O local foi fielmente construído no título, em um dos tantos momentos que impressionam no novo game da Tango Gameworks.

Não é uma coincidência, nem uma mera homenagem. Mais do que Akito, KK e Hanya, a cidade em si é uma protagonista neste game. E como falamos em nossa análise recém-publicada, ela também tem suas histórias para contar — muitas delas tão interessantes quanto as da campanha principal, fazendo com que a interação com fantasmas, a exploração de pequenos apartamentos e o carinho nos animais ganhem um carisma todo único.

Ghostwire: Tokyo foi desenvolvido de forma diferente que a maioria dos jogos. Nele, começamos pela cidade e, depois, pensamos que tipo de história e jogabilidade se encaixariam”, explicou o diretor Kenji Kimura. Em entrevista ao Canaltech, ele deixou claro que, mais do que causar arrepios ou contar uma história envolvendo tradições japonesas e o sobrenatural, a ideia do título é levar os jogadores em um passeio pela capital.

Para a equipe, a atmosfera foi de suma importância, de forma a passar duas sensações ao jogador: a de que ele está efetivamente em uma cidade grande e de que algo muito errado está acontecendo ali. “É uma espécie de turismo paranormal por Tóquio”, completa Kimura, rindo. “Essa atenção à experiência também é o que torna [esse jogo] tão único.”

Ghostwire: Tokyo veio para criar um tour virtual (e paranormal) pela cidade
Ghostwire: Tokyo deseja ser um tour virtual pela capital e pelas tradições do Japão, com elementos atmosféricos e uma sensação de estranheza que incentiva a exploração (Imagem: Captura de tela/Felipe Demartini/Canaltech)

Essa é realmente uma boa palavra para definir a experiência, que apesar de cair em alguns cacoetes dos jogos de mundo aberto, como as interfaces por vezes poluídas demais ou os indicadores que nem sempre funcionam bem, entrega o esperado. Ghostwire: Tokyo é, também, um título cujas nuances vão além do gameplay e também passam pelo seu tema, abordagem e pegada.

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Cidade vazia, mais cheia do que nunca

Há sempre algo acontecendo em Ghostwire: Tokyo e é assim, também, na capital do Japão. Há sempre uma música tocando, um alerta sonoro em uma loja ou um alto falante emitindo informações. Isso vale para a cidade do game, que mesmo com todos os seus habitantes humanos desaparecidos, se mantém ativa e incrivelmente viva. A sensação de que há algo de estranho acontecendo se mantém ao longo da experiência.

Ghostwire: Tokyo veio para criar um tour virtual (e paranormal) pela cidade
Mesmo sem seres humanos, a cidade de Ghostwire Tokyo é cheia de elementos, sendo um personagem tanto quanto aqueles que levam a história principal adiante (Imagem: Captura de tela/Felipe Demartini/Canaltech)

“A sensação que queríamos passar é de que há sempre algo espreitando o jogador. Elementos fora do ordinário, assustadores ou esquisitos estão por toda parte e criamos um conceito a partir daí”, continua Kimura, indicando a gênese do uso de assombrações cotidianas e tradicionais do Japão para exercer um efeito duplo: pelo conhecimento de suas histórias, em quem está inteirado delas, e pela estranheza em quem não conhece as lendas.

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Entre os monstros comuns enfrentados por Akito em sua jornada para salvar a irmã estão fantasmas de trabalhadores frustrados de escritório, garotas que sofrem bullying na escola ou homens gananciosos, assim como aparições relacionadas ao clima e aos traumas do povo japonês. Representações tão urbanas quanto a própria cidade e que, mais uma vez, dialogam com o jogador além do que apenas a campanha principal tem para entregar.

O compositor Masatoshi Yanagi foi peça essencial desse universo, contribuindo com sons e música que ampliam a atmosfera e a sensação de estranheza desse mundo. “Queríamos apresentar uma mistura do tradicional com a modernidade da cidade, uma Tóquio que tem respeito pela história, mas também traz o brilho do futuro e da tecnologia”, explicou Yanagi, citando uma sinergia entre equipes que, desde o início, entenderam o conceito e se apaixonaram por ele.

É uma experiência sensorial, que passa pela exclusividade do título para o PlayStation 5. Em primeira pessoa, Ghostwire: Tokyo troca as metralhadoras pelos poderes que saem das mãos do protagonista, o que criou uma oportunidade única para sons, imagens e conceitos de jogabilidade. “Queremos passar a sensação de que o jogador está mesmo manipulando os elementos e esmagando as coisas”, completou Kimura.

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Ghostwire: Tokyo veio para criar um tour virtual (e paranormal) pela cidade
Ataque final de Ghostwire Tokyo é um dos exemplos usados pelo produtos de como a mistura de som, luz e efeitos pode tornar o game mais imersivo e bonito (Imagem: Captura de tela/Felipe Demartini/Canaltech)

Um exemplo disso é o sistema de remoção de núcleo, uma espécie de golpe final nos oponentes enfraquecidos com ataques comuns. Ela se comporta como um fio, puxado por Akito e ligado diretamente no coração dos seres sobrenaturais, que se contorcem e tentam se desvencilhar. Dá para sentir todo esse peso na ponta dos dedos.

Ao mesmo tempo, as novas tecnologias tornaram o trabalho um pouco mais complexo. “A habilidade de usar áudio em 3D, por exemplo, permite recriar de forma fiel uma imagem que temos na mente. Mas a quantidade de elementos necessária é maior, então sempre é um desafio”, disse Yanagi. Uma solução encontrada, mais uma vez, veio com o uso apurado do DualSense.

Todos os movimentos e efeitos gerados pelo personagem central no mundo são refletidos em vibrações e resistências nos gatilhos. A equipe de desenvolvimento também usou o som, segundo o diretor, para dar a impressão de que os ataques tinham mais peso, enquanto o feedback tátil passa a sensação de que o usuário efetivamente é o responsável por eles. “É uma experiência tangível, com todo esse poder efetivamente na mão dos jogadores”, adicionou Masato Kimura, também produtor em Ghostwire: Tokyo.

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Um ícone na mesa ao lado

O novo título da Tango Gameworks é um jogo de terror, sim, mas com tais conceitos aplicados em um mundo aberto. Isso torna o trabalho um tanto distante do que a desenvolvedora costumava fazer e, ao mesmo tempo, mostra o conforto que ela adquiriu após anos de trabalho sob a batura de Shinji Mikami, o criador de Resident Evil. Isso permitiu ousar, com um resultado bem acertado.

Aqui, Mikami assume o posto de produtor executivo, deixando o trabalho mais focado para Kimura e sua trupe. Ainda assim, o feedback foi constante e o diretor cita experiências casuais com o criador, que costuma passar pelas mesas dos desenvolvedores, perguntar a eles o que estão fazendo e indicar caminhos para facilitar processos ou melhorar a jogabilidade.

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Ghostwire: Tokyo veio para criar um tour virtual (e paranormal) pela cidade
Ghostwire Tokyo é o game mais diferente do que se esperava de alguém como Shinji Mikami, mas ao mesmo tempo, faz todo sentido como evolução do trabalho de uma Tango Gameworks mais confiante do que nunca (Imagem: Captura de tela/Felipe Demartini/Canaltech)

“Ele é muito focado na experiência dos jogadores e tenta adivinhar o que eles estão pensando ou precisando a cada momento, para entregar isso no game”, explica o diretor. De acordo com ele, esse tipo de experiência focada é a alma da Tango Gameworks, com Mikami se mostrando acessível e interessado em todos os aspectos dos títulos, mesmo sem um envolvimento direto neles.

Segundo Kimura, isso também transparece em conversas casuais, sobre notícias do dia a dia ou casos engraçados, que acabavam virando papos sobre design de jogos e o próprio jogo. “Às vezes, até esquecíamos que ele é uma lenda fora do escritório”, finaliza o diretor, rindo.

Ghostwire: Tokyo será lançado em 24 de março para PlayStation 5 e PC. O game foi desenvolvido pela Tango Gameworks e publicado pela Bethesda.