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Review Ghostwire: Tokyo | Tradição e modernidade em um belo jogo de mundo aberto

Por| Editado por Bruna Penilhas | 21 de Março de 2022 às 10h00

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Divulgação/Bethesda
Divulgação/Bethesda

A seguir, falaremos sobre um game de horror, mas também sobre um título de mundo aberto, algo que nem sempre conversa bem com o gênero. Temos uma história que começa com o desaparecimento de todos os habitantes de uma das cidades mais movimentadas do planeta, mas que abre as portas para um novo mundo igualmente agitado. É noite o tempo inteiro, mas há luz por todo lado. E estes são apenas alguns exemplos dos contrastes que fazem de Ghostwire: Tokyo um dos títulos mais carismáticos da nova geração de consoles até agora.

Não se trata apenas da cidade em si, com uma Tóquio reduzida, mas reproduzida de forma tão fiel que é capaz de acionar a nostalgia de quem a conhece ou esteve lá pessoalmente. É também pela forma diferente de encarar os jogos de tiro em primeira pessoa, fugir do óbvio quando falamos em mundo aberto e, principalmente, por temos um nome como Shinji Mikami envolvido, servindo como produtor neste que talvez seja o game que mais foge do que já foi apresentado por ele em toda sua carreira.

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O horror, claro, está presente, assim como a profundidade. E enquanto é difícil desassociar o nome dele ao de Resident Evil, mesmo com o produtor não estando mais envolvido com a franquia há mais de 16 anos, essa ligação também carrega um peso e uma expectativa que Ghostwire: Tokyo faz questão de entregar, neste que é o melhor jogo da Tango Gameworks até hoje.

Sem parar

Há sempre algo acontecendo em Ghostwire: Tokyo e esse é um dos aspectos que relaciona o game como uma bela representação da capital japonesa. Há itens e missões por todo lado, elementos de exploração espalhados pelo cenário e diferentes tipos de colecionáveis, que compõem uma estrutura que incentiva a busca por tais elementos, ao mesmo tempo em que faz questão de fazer com que isso não seja apenas um protocolo para fortalecer o personagem ou mera perfumaria.

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Começa pelo deslumbramento com o próprio cenário, incrivelmente belo em iluminação, texturas ultra-realistas e interação. Há um amplo investimento na verticalidade e também na busca por caminhos alternativos, ainda que, em alguns momentos da campanha, o game faça questão de direcionar o jogador por uma determinada rota; o cenário vai sendo aberto aos poucos, tanto durante o progresso quanto pelo cumprimento de missões secundárias.

Elas, inclusive, são um destaque em especial no universo de Ghostwire: Tokyo, com algumas histórias sendo mais interessantes do que passagens da própria campanha central. Quando o desaparecimento dos humanos aconteceu, os espíritos permaneceram em uma espécie de suspensão, retendo os pensamentos e até a posição em que estavam. A simples coleta de espíritos revela pequenas histórias em uma ou duas linhas de diálogo, enquanto as missões paralelas levam isso ainda mais além.

Fora da trama envolvendo o vilão Hanya e os personagens centrais, acabamos envolvidos em sagas por vezes tenebrosas e, em outras, divertidas. Podemos sair de uma busca para reunir uma gangue de guaxinins para investigar a casa de um acumulador e sequestrador de espíritos infantis, passando pela história de um buraco negro que parece estar sugando tudo o que há em volta para outro mundo. A cada passo, a própria Tóquio vai se tornando mais enriquecida e ela também é uma protagonista deste jogo.

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A verticalidade presente em boa parte da navegação pelo mundo de Ghostwire: Tokyo também tem grande apelo. Como um misto de humano e ser etéreo, Akito pode saltar de grandes alturas ou planar, usando um gancho e a ajuda de seres paranormais para subir nos níveis mais altos da cidade. E em todos os lugares há elementos para descobrir ou, pelo menos, uma alma para coletar, de forma que nenhum desvio do caminho soe como um atalho ou uma fuga do roteiro imaginado.

Destaque importante para os animais igualmente místicos, que viram na ausência dos humanos uma chance de se mostrarem mais. Cachorros comuns podem ajudar a encontrar itens ou dar dicas interessantes, caso sejam alimentados, enquanto gatos yokais, como são chamados os seres sobrenaturais no folclore japonês, assumiram o comando de lojas de conveniência — os felinos comuns também podem ser encontrados por Tóquio e mantém seu mau humor característico.

Todo o game, aliás, é um passeio sobre a cultura mística e paranormal do Japão. Quem conhece o folclore vai absorver mais e de forma mais rápida todas as alegorias do game, enquanto páginas e páginas de explicações e textos ajudam a compor o castelo dessa trama, desde os fantasmas que representam dramas e traumas cotidianos, até os grandes elementos da campanha.

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Carisma por dentro e por fora

Como dito, o arrebatamento é apenas o começo dessa história. Akito, enquanto ia visitar sua irmã no hospital, cai de paraquedas em meio à trama dos Visitantes, seres paranormais que agora ocupam as ruas agitadas e iluminadas de Tóquio; ao “lado” dele, entre aspas mesmo pois estamos falando de uma presença também etérea, está KK. Foi ele quem impediu que o jovem também fosse levado e parece saber bem mais sobre o que está acontecendo do que revela e, simultaneamente, também precisa de seu novo e inusitado amigo para resolver as próprias questões.

A campanha principal serve como elemento de progressão encadeada para Ghostwire: Tokyo, liberando novas áreas e guiando o jogador por todos os bairros dessa cidade reduzida. É por meio dela que temos uma alternância interessante entre a exploração de regiões abertas e longos momentos em lugares fechados, onde as assombrações e o visual impressionante podem se desenvolver de forma ainda mais focada e interessante.

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A Tango Gameworks não faz a menor cerimônia ao brincar com luzes, sombras e elementos. Tais aspectos também tornam esta uma experiência digna da nova geração de consoles, tanto quando se joga no modo de desempenho, que foca na fluidez da experiência, quanto no de qualidade, para aqueles que desejarem sacrificar a taxa de quadros em prol de ainda mais efeitos e iluminação aprimorada.

Há, porém, que se levar em conta que, na segunda opção, a jogabilidade pode soar um pouco pesada, principalmente nos momentos esporádicos de batalha contra diversos inimigos ao mesmo tempo. O estilo do título favorece mais a opção pelo desempenho, mas ainda assim, não dá para resistir, principalmente nos momentos de exploração, em ativar o modo de qualidade para ver uma Tóquio ainda mais bela.

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Ghostwire: Tokyo cai em algumas "manias" de jogos de mundo aberto, com uma interface que pode ficar poluída facilmente e um sistema de indicação de objetivos que nem sempre é preciso, principalmente quando o jogador se aproxima de um colecionável pequeno. A árvore de habilidades é simples e fácil de ser manipulada, ainda que os efeitos benéficos de algumas das evoluções obtidas nem sempre se traduzam claramente na jogabilidade.

Tudo é luz em Ghostwire: Tokyo já que, em vez de armas convencionais, usamos magias de cores diferentes e elementos variados. Aqui, há um convite para ser estratégico, com disparos que atingem em área, atordoam ou afastam os inimigos servindo a diferentes abordagens. Mas não existe uma alternativa única para resolver os problemas — o jogador é livre para experimentar e ousar, ainda que fique claro existir, sim, o jeito mais fácil.

Entender exatamente o que cada poder faz e como o utilizar, bem como sua posição em uma roda de “armas” que pode ficar bem cheia rapidamente, vem com o tempo. Por outro lado, há uma escolha esquisita quanto ao uso de itens de cura, que ficam no botão triângulo do PlayStation 5, e só podem ser equipados dois de cada vez; é necessário acessar o inventário para mudar isso, enquanto os efeitos diferentes entre eles nem sempre são claros, em uma situação em que, na maioria das vezes, o jogador só vai tentar recuperar a energia para não morrer.

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Ainda falando no console, você vai querer desativar os gatilhos adaptativos logo nas primeiras horas de jogo e vai ficar triste por isso. Enquanto a ideia de um botão com mais ou menos pressão faz sentido quando usamos uma arma, em Ghostwire: Tokyo, as mãos do protagonista são usadas para os disparos, com pressionamentos sucessivos cansando o dedo rapidamente devido ao peso.

Por outro lado, a vibração do joystick gera uma imersão interessante enquanto sentimos o poder fluir pelas mãos de Akito. Não é nada impressionante, mas adiciona ao conjunto e traz peso aos combates, sempre vistosos e cheios de elementos fantásticos. Mesmo que um pouco repetitivos, principalmente depois que você pega o jeito, eles estão entre os múltiplos elementos de carisma e envolvimento com Ghostwire: Tokyo.

Vale a pena jogar Ghostwire: Tokyo?

Ao mesmo tempo em que celebra muitas tradições do videogame de horror, dos jogos de mundo aberto e da cultura japonesa, o novo game da Tango também faz questão de adicionar algo a tudo isso. Você vai querer jogar só mais uma missão, dar uma olhadinha no que está em um beco ou conversar com um cachorro e, quando olhar o relógio, se passaram horas.

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Entre os belos gráficos e a incrível reprodução de Tóquio, as missões secundárias muito interessantes e os mistérios da campanha central, ou simplesmente o combate inspirado contra oponentes sobrenaturais cheios de significado, há muito a explorar aqui. A nossa recomendação é que você faça isso com calma, aproveitando a progressão e o conjunto visual impressionante.

Nessa tentativa de escapar de alguns clichês e introduzir elementos novos em pontos tradicionais, o título acaba caindo em alguns cacoetes, que soam mais como buracos na estrada do que obstáculos. Não temos aqui um game que se alonga mais do que o necessário, mas sim, uma personalidade e experiência dignas da nova geração de plataformas. Chegue por Shinji Mikami, fique pela cidade, pelos movimentos das mãos, pelo show de luzes e pelos animais.

Ghostwire: Tokyo chegará em 25 de março para PlayStation 5 e PC. No Canaltech, o game foi analisado no PS5 em cópia digital gentilmente cedida pela Bethesda.