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Humanos habitaram caverna escura e perigosa na França há 8 mil anos

Por| Editado por Luciana Zaramela | 03 de Maio de 2024 às 17h32

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Benh LIEU SONG/CC-BY-3.0
Benh LIEU SONG/CC-BY-3.0

Em mais uma mostra de comportamentos cognitivos inusitados de nossos ancestrais, pesquisadores encontraram sinais de atividade humana há 10.000 anos em uma caverna de difícil e perigoso acesso na França — local complicado de se explorar até mesmo atualmente.

O sítio em questão é a Caverna de Saint-Marcel, que tem uma rede de túneis e é explorada pelos humanos modernos desde o Paleolítico Médio (entre 300.000 a.C. e 30.000 a.C.). São 64 quilômetros na rede de cavernas repletas de curvas, cavidades e reentrâncias na crosta terrestre.

O estudo mais recente do local foi realizado pela equipe do geomorfólogo Jean-Jacques Delannoy, do Centro Nacional Francês de Pesquisa Científica, que identificou a presença de Homo sapiens através da datação de rochas.

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Humanos na Caverna de Saint-Marcel

Os caminhos sinuosos da caverna incluem dificuldades como poços e terreno altamente acidentado, mas isso não parece ter bastado para deter nossos ancestrais: foram encontradas estalagmites quebradas a mais de 1,5 km caverna adentro, indicando a presença de humanos há cerca de 8.000 anos.

A região dos túneis explorada pelos pesquisadores já era conhecida pela ciência, que catalogou os espeleotemas jogados aos solo há algum tempo — eles são compostos de depósitos minerais formados por água subterrânea, que carrega sedimentos e os solidifica em formatos pontiagudos.

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Eles podem ser estalactites — penduradas no teto — e estalagmites — subindo do solo em direção ao teto, por exemplo. Espeleotemas quebrados são comuns em diversas cavernas: quebrá-los para levar para casa como lembrança ou para deixar sinais de sua visita era uma atividade generalizada entre turistas e exploradores de cavernas no final do século XIX.

Acreditava-se que os restos da caverna de Saint-Marcel vinham desse tipo de atividade, mas traços de humanos antigos em outras cavernas levaram a uma pesquisa mais aprofundada do local.

Espeleotemas têm uma relação profunda com a água — caso ela ainda corra no local onde são quebrados, a deposição constante de minerais faz com que a formação cresça novamente. Ao estudar essa reconstrução natural e examinar as taxas dos elementos urânio e tório nas rochas, os cientistas puderam descobrir mais sobre a caverna.

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A datação via urânio-tório se baseia na solubilidade em água. Enquanto o urânio é solúvel em água, o tório, produzido a partir de seu decaimento, não é. Como a taxa de decaimento de urânio é fixa e conhecida, a quantidade de tório em uma amostra pode indicar a formação do mineral — analisando os espeleotemas, então, descobriu-se que a maioria se formou entre 125.000 e 70.000 anos atrás.

A ponta de espeleotema quebrada por um humano mais antiga foi datada em 10.000 anos, com a mais recente sendo há cerca de 3.000 anos. Inúmeras peças quebradas parecem ter sido dispostas propositalmente para criar uma estrutura na câmara da caverna, cuja construção teria começa há cerca de 8.000 anos.

A evidência de ação humana é conclusiva, mas não sabemos como eles chegaram ao local ou porquê. Há fuligem nas paredes dos túneis, e isso pode ser um bom indicativo, mas a análise desses elementos terá de ficar para pesquisas futuras. 

Fonte: Journal of Archaeological Method and Theory