Caverna de lava abrigou humanos por 7 mil anos na Arábia Saudita
Por Augusto Dala Costa • Editado por Luciana Zaramela |
Cientistas encontraram, na Arábia Saudita, uma série de provas de que humanos habitaram as cavernas da região há 10.000 anos, algo inédito no país. A mais impressionante das provas está em uma caverna formada pelo fluxo de lava, chamada assim de tubo de lava ou piroduto.
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As evidências vão de ossos de animais a arte rupestre, mostrando como era a dieta das populações que habitaram a rede de cavernas. Há indicações de que o complexo principal, chamado Umm Jirsan, foi habitado regularmente por pelo menos 7.000 anos, começando há 10.000 anos — ou seja, do Neolítico até a Idade do Bronze.
O arqueólogo Michael Petraglia, da Universidade Griffith, que participou do estudo, afirmou em comunicado que locais subterrâneos são importantes à arqueologia mundial e à ciência do Quaternário (ou da Era do Gelo), mas a pesquisa atual, no entanto, seria a primeira análise compreensiva do tipo na Arábia Saudita.
Homens da caverna saudita
Em Umm Jirsan, já haviam sido encontrados restos animais que se acreditava terem sido deixados por hienas. Agora, no entanto, o foco ficou nos indicativos de atividade humana na caverna, que tem 1,5 km de comprimento. Foram encontrados restos de tecido, madeira trabalhada, estruturas parciais de pedra e lascas que podem ter sido ferramentas de pedra.
Algumas das supostas ferramentas estavam em pilhas de detritos ou em poços, enquanto outras descansavam junto a ossos de animais. Os cientistas não têm certeza de que as pedras lascadas tenham sido ferramentas, mas a repetição dos formatos indica um padrão produzido intencionalmente, podendo ter sido usadas para raspagem de peles e ossos.
Segundo a análise dos pesquisadores, a dieta dos humanos da caverna saudita era rica em proteínas, persistindo por milênios. Um aumento contínuo no consumo de plantas associadas com assentamentos em oásis também foi notado.
Pesquisas anteriores indicavam que o local foi usado para descanso por pastores para escapar das condições difíceis do deserto, e o estudo atual reforça a hipótese. Eles provavelmente conviviam com as populações na caverna e realizavam escambo. Nas rochas próximas, há pinturas rupestres representando animais como gado, ovelhas e cabras em cenas pastorais, junto a figuras humanas.