Nossos ancestrais primatas viviam em pares, como nós
Por Augusto Dala Costa • Editado por Luciana Zaramela |
Uma pesquisa envolvendo primatas atuais e nossos ancestrais primitivos descobriu que os primatas do passado não eram solitários, ao contrário do que a ciência acreditava — o modo de vida em sociedade dos antigos símios era surpreendentemente parecido com o da espécie humana, com grande parte vivendo em pares de indivíduos e o restante em grupos grandes, raramente apresentando espécies solitárias.
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O trabalho foi liderado pela pesquisadora Charlotte Olivier, da Universidade de Estrasburgo, e sua equipe, que coletaram dados sobre a composição das unidades sociais de primatas selvagens. A base de dados final cobre quase 500 populações de mais de 200 espécies de primata — mais da metade das espécies possui mais de uma forma de organização social.
Segundo os cientistas, a forma de organização mais comum são grupos onde várias fêmeas e machos vivem em conjunto, como nos chimpanzés e macacos-do-velho-mundo, seguida pelos grupos onde um macho convive com múltiplas fêmeas, como os gorilas e colobos. Um quarto de todas as espécies, no entanto, vive em pares.
Sociedades primatas do passado
Levando em conta diversas variáveis sociecológicas e de histórico de vida, como tamanho do corpo, habitat e dieta, os pesquisadores calcularam a probabilidade de cada espécie se organizar socialmente, incluindo nossos ancestrais de 70 milhões de anos atrás. Para analisar os primatas primitivos, foram usadas amostras fósseis, que indicaram um corpo pequeno e costumes arbóreos, fatores ligados intimamente à vida em pares.
Apesar de variável, a organização social ancestral mais provável seria, de longe, a convivência em dupla. Apenas cerca de 15% dos nossos ancestrais seria solitário, e a vida em grupos grandes só teria evoluído nos primatas muito mais tarde, segundo os cálculos.
A estrutura social dos primeiros primatas era, provavelmente, muito mais próxima à dos humanos atuais do que se esperava anteriormente. Muitos de nós — embora não todos — vivem em pares, mas também fazem parte de uma família estendida ou de grupos e sociedades maiores.
Isso não quer dizer, no entanto, que os antigos primatas vivendo em pares fossem sexualmente monogâmicos ou cooperassem no cuidado infantil. É mais provável que uma fêmea e um macho específicos fossem vistos juntos na maior parte do tempo, compartilhando do mesmo território “caseiro” e local para dormir, o que conferia mais vantagens do que viver sozinho. Assim, seria possível afastar invasores ou competidores e manter um ao outro aquecido, por exemplo.
Fonte: Evolution