Carros voadores: qualquer um vai poder comprar e voar?
Por Paulo Amaral • Editado por Jones Oliveira |
Não são poucas as empresas que estão investindo tempo e dinheiro em modelos variados de carros voadores. Sejam elas gigantes do porte de Embraer e Boeing, ou startups como Joby Aviation, Bellwether e Klein Vision, o desejo é o mesmo: melhorar a mobilidade aérea urbana.
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Uma preocupação que surge à medida que esses projetos avançam é com relação às regras que precisarão ser seguidas quando os carros voadores enfim estiverem prontos para invadir os céus mundo afora.
Afinal de contas, qualquer um com dinheiro suficiente poderá comprar seu carro elétrico e decolar por aí, ou somente pilotos com brevê (equivalente à CNH para motoristas) estarão autorizados a usufruir do novo meio de transporte? E há riscos de “engarrafamento” nos céus? Calma que a versão da vida real do desenho Os Jetsons, sucesso nos anos 1970, dificilmente irá rolar.
Para entender melhor esse verdadeiro exercício de futurologia, a reportagem do Canaltech entrou em contato com a Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) e conversou com Roberto José Honorato, Superintendente de Aeronavegabilidade do órgão. De acordo com ele, a resposta para a pergunta inicial ainda é vaga.
“É difícil precisar se, e quando, o cidadão comum terá acesso a essa tecnologia para uso no dia a dia. O fato é que diversos operadores aéreos têm se interessado por esta nova tecnologia e em explorar esse negócio. Vários são os fabricantes e operadores que têm se interessado pelo assunto, e o Brasil está na rota deste desenvolvimento”, admitiu.
Brevê à vista
O representante da Anac também adiantou ao Canaltech, mesmo sem cravar com 100% de certeza, que o uso dos carros voadores, seja ele de qual modelo for (eVTOL ou carros adaptados com asas), demandará uma licença de operação similar à exigida aos pilotos de aviões e helicópteros:
“A regulamentação dessa atividade deriva da aplicada à aviação civil, com todos os requisitos de segurança que cobrem o projeto da aeronave, sua fabricação, manutenção, certificação do operador aéreo, licenças para os pilotos, a bordo ou remotamente, que venham a operar essa aeronave”.
O Superintendente de Aeronavegabilidade ainda admitiu que é bem possível que a nova tecnologia só seja efetivamente liberada depois que a regulamentação vigente para a aviação civil for revista: “Dada a inovação envolvida, muitos requisitos deverão ser ajustados à nova realidade para garantir o nível de segurança adequado a ela”.
Questionado se há algum tipo de temor sobre possíveis “engarrafamentos aéreos” no futuro, caso eVTOLs (veículo elétrico com decolagem vertical) e demais carros voadores se tornem comuns, o representante da Anac preferiu ser cauteloso e esperar o cenário ficar mais claro.
“Fabricantes e operadores têm discutido e proposto modelos para operação no futuro, já que o desenvolvimento desta tecnologia, embora fato concreto, ainda está em seus momentos iniciais”.
Carros voadores: um avanço necessário
Independentemente do exercício de futurologia praticado em cima de um cenário que segue em estágio embrionário, Roberto José Honorato exaltou a importância da chegada dos carros voadores.
O representante da Anac avaliou que essas iniciativas poderão significar um avanço enorme na mobilidade urbana e confirmou que o processo de certificação de um eVTOL está bem encaminhado no Brasil.
“Nos últimos anos, temos visto o desenvolvimento de uma nova tecnologia, e ela abre novas perspectivas com relação à mobilidade aérea urbana. Recentemente foi iniciado um processo de certificação de um veículo elétrico de pouso e decolagem vertical”, concluiu.
Embraer no aguardo
A Embraer, que já tem acordo firmado com diversas companhias estrangeiras para a venda do Eve, carro voador tipo eVTOL, também foi procurada pela reportagem, mas não quis se posicionar de maneira oficial.
A empresa já deixou claro em outras oportunidades, no entanto, que eVTOLs como o Eve são produtos voltados para mobilidade urbana, principalmente para empresas de táxi aéreo ou companhias aéreas, e não para cidadãos comuns.
Além disso, como sempre exalta em seus comunicados, qualquer projeção sobre a formação específica que será necessária para dirigir um carro elétrico depende, primeiro, da Anac completar a homologação do produto.