EUA avalia cortar o fornecimento de chips da Huawei feitos pela TSMC
Por Rubens Eishima | 18 de Fevereiro de 2020 às 08h30
Em mais um round na guerra entre o governo dos EUA e a fabricante chinesa Huawei, fontes da agência de notícias Reuters afirmaram que o governo Trump considera mudar regras de comércio do país para poder cortar o fornecimento de componentes para a Huawei.
A restrição funcionaria como um bloqueio indireto, empresas internacionais que usam tecnologias de companhias norte-americanas – caso da taiwanesa TSMC – ficariam impedidas de fornecer seus produtos feitos com estas tecnologias para empresas nas listas de restrições do governo norte-americano.
A TSMC (Taiwan Semiconductor Manufacturing Company) é a maior fabricante independente de chips do mundo. De suas fábricas saem chips para outras empresas como Apple, Qualcomm, Nvidia e AMD, só para citar alguns exemplos. Outra empresa que utiliza as tecnologias e fábricas da TSMC para produzir seus próprios chips é a HiSilicon, subsidiária da Huawei, que fornece os chips utilizados nos smartphones da empresa, além da marca Honor, outra subsidiária da Huawei.
Sem alternativas
O bloqueio seria um golpe duríssimo contra a Huawei, que perderia o suprimento de seus processadores Kirin. A única outra fabricante que teria capacidade de produzir os chips com um processo de fabricação de 7 nm ou 10 nm equivalente ao da TSMC seria a Samsung Foundry, porém seriam necessárias adaptações aos processos de produção da empresa coreana, o que levaria tempo. E, mesmo assim, as restrições impostas à TSMC poderiam muito bem valer para a Samsung.
Outras fabricantes como a UMC (Taiwan, 14 nm) e Global Foundries (EUA, 14 nm) não possuem os mesmos processos de fabricação utilizados pela TSMC – além de também estarem susceptíveis às restrições norte-americanas. Do lado chinês, apesar do investimento pesado da China para evitar a dependência de tecnologias externas, a maior fabricante local de processadores (SMIC) começou a utilizar o processo de 14 nm há poucos meses.
Segundo a Reuters, um esboço da lei já foi redigido, sua aprovação depende, porém, de uma reunião governamental. Nela, toda empresa estrangeira que usa equipamentos norte-americanos em sua cadeia produtiva terá que obter uma licença dos Estados Unidos para fornecer seu produto para a Huawei.
Neste caso, como grande parte das fabricantes de chips utilizam equipamentos de empresas norte-americanas, mesmo as fábricas chinesas, a aprovação da nova regra tem o potencial de estragar a relação entre Washington e Pequim, poucos meses após a assinatura de um novo acordo comercial entre os governos.
Fonte: Reuters