Succession entrará para a história da TV após episódio bombástico
Por Natalie Rosa • Editado por Jones Oliveira | •
A quarta e última temporada de Succession já começou conquistando os fãs e a crítica logo no primeiro episódio. Agora, com o lançamento do terceiro, a série deve entrar para a história da televisão e arrematar indicações e vitórias em premiações.
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Succession vai ao ar todos os domingos na HBO e na HBO Max, e logo após o fim da exibição do terceiro episódio da temporada final as reações no Twitter foram surpreendentes. Entre os comentários lidos, vemos somente elogios a como os roteiristas conseguiram chocar e emocionar sem grandes efeitos visuais, apenas bons diálogos e uma direção inteligente.
Atenção: esta matéria conta com spoilers da quarta temporada de Succession!
O que aconteceu em Succession?
No episódio 3 da quarta temporada de Succession, Logan Roy, personagem do brilhante Brian Cox, está em um avião privado com seus colegas executivos para fechar o contrato da venda da Waystar Royco. Enquanto isso, seus filhos Connor, Shiv, Kendall e Roman embarcavam em um navio para o casamento de Connor, o primogênito.
Isso acontecia em um momento em que Kendall, Roman e Shiv traçavam planos de negócios contra o pai, que virou o maior adversário do trio, e vice-versa. Roman, por sua vez, estava traindo os dois irmãos, que nem imaginavam. Esse jogo de poder familiar, tão bizarro que só poderia vir de bilionários, teve uma reviravolta chocante no terceiro episódio.
Do avião, Roman recebe a ligação de Tom depois de tentar falar com Shiv e Kendall e não ser atendido, que diz ao ex-cunhado que Logan teve um mal súbito no avião e que estava recebendo massagem cardíaca de uma comissária de bordo, enquanto o piloto mudava a rota. O bilionário, que quase morreu na primeira temporada e começou uma guerra sobre quem herdaria sua cadeira na empresa, desta vez não resistiu.
Por que foi tão impactante?
Mortes acontecem bastante em filmes e séries de televisão, mas Succession conseguiu abordar a questão de forma única, o que se deve, principalmente, ao roteiro que, talvez, seja um dos mais bem escritos dos últimos tempos. A série conta a história de pessoas desprezíveis em situações desprezíveis, e pela primeira vez, talvez, vimos um pouco de humanidade neles.
Não vimos Logan passando mal, tampouco seu rosto enquanto esteve jogado no chão, apenas a metade de um corpo sendo ressuscitado sem sucesso. Pela primeira vez também vimos um gesto de carinho dos três irmãos, que tiveram o celular de Tom colocado no ouvido de Logan, provavelmente já morto, para que os filhos dissessem suas últimas palavras.
Kendall disse que o amava e que ele era forte, Shiv disse o mesmo e desmoronou, já Roman entrou em negação e não se lembra de ter dito qualquer palavra de carinho, apenas que ele era um bom pai, demonstrando arrependimento. “Eu disse que o amava, não disse?”, perguntou o personagem, que não disse a frase. O episódio inteiro acompanha a agonia dos filhos, que subiam e desciam os andares do navio atrás de respostas. E o espectador não sabe mais do que eles, então conseguimos praticamente sentir a aflição sentida ali, todo mundo descobrindo ao mesmo tempo.
Como o dinheiro e o poder sempre moveram a família, pessoas relacionadas a Logan e que trabalham com ele precisam, antes mesmo da confirmação da morte por um médico, planejar como lidar com a imprensa, as ações da companhia e decidir o futuro. A participação de Connor no desespero pela morte do pai é uma das situações mais bizarras do episódio. O personagem sempre foi o que mais destoa da família, que não quis trabalhar e também não sabia como dar orgulho ao pai.
Essa, inclusive, foi uma de suas únicas falas quando soube da morte de Logan pelos irmãos, que demoraram vários minutos para pensar em chamá-lo e contar a notícia. Connor, que já estava enfrentando a possível perda da esposa, ficou triste por um momento e logo foi resolver se continuaria com a cerimônia de casamento ou não. Então, enquanto Shiv, Roman e Kendall foram esperar o avião para receber o corpo do pai, Connor se casou, como se estivesse aliviado e finalmente poderia seguir sua vida sem pressão. Até mesmo na morte do patriarca o personagem se mostrou irrelevante.
Succession deve ser premiada?
O terceiro episódio da última temporada de Succession realmente é tudo isso que estão falando. Jesse Armstrong, criador da série, elaborou um roteiro genial que nos fez emocionar com pessoas ruins por natureza. O roteiro conseguiu manter a série em pé desde o começo, nos ganhando muito mais do que qualquer visual, mas isso só seria possível com a escalação de um bom elenco.
Kieran Culkin (Roman Roy), Sarah Snook (Shiv Roy) e Jeremy Strong (Kendall Roy) mantiveram a essência cruel, sarcástica e rancorosa de seus personagens ao longo de todos esses episódios, o que foi crucial para a reação de cada um no episódio da morte de Logan. Vai ser difícil que qualquer efeito visual, direção ou qualquer outro detalhe escolhido para uma premiação que vença o impacto não só do episódio 3, mas da temporada como um todo, que ainda tem sete episódios para acabar.
Que Logan iria morrer não é uma surpresa, já que o personagem estava em uma idade avançada e com a saúde não muito boa. Porém, a série surpreendeu em como mostrar isso ao público, provavelmente de uma forma ainda não vista. A interação dos acontecimentos da trama com a realidade é tanta que o Los Angeles Times publicou um obituário de Logan Roy, como se ele fosse uma pessoa real.
A temporada final de Succession pode ser assistida na HBO Max.