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Crítica O Continental | Existe potencial em um mundo sem John Wick

Por  • Editado por Jones Oliveira | 

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Reprodução/Lionsgate Television
Reprodução/Lionsgate Television

Desde o primeiro filme da franquia John Wick, ficava claro que existia um mundo rico para ser explorado além da história do ex-assassino que volta para sua antiga vida para se vingar por causa do seu cachorrinho. Isso passou a ser desenvolvido e se tornou parte da trama em suas três sequências, abordando elementos que deixavam aquele universo cada vez mais interessante.

Com a estreia de O Continental, primeiro spin-off de John Wick, é possível confirmar que o potencial de mais histórias dentro do universo de assassinos, Alta Cúpula e suas regras, existe e é enorme. Mesmo assim, com apenas três episódios, a minissérie apenas mostra a ponta do iceberg do que pode ser feito dentro da franquia.

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Winston Begins (ou quase isso)

O Continental se passa décadas antes dos filmes, focando em Winston Scott, o gerente do Hotel Continental, interpretado anteriormente por Ian McShane (Deuses Americanos), e agora por Colin Woodell (The Flight Attendant). Winston vive em Londres quando é sequestrado e levado para Nova York por Cormac, o gerente atual do hotel.

Vivido por Mel Gibson (Máquina Mortífera), durante boa parte da série, o vilão não parece tão perigoso como gostam de dizer, mas isso muda no último episódio, quando o ator entra em modo "psicótico" e as coisas começam a fazer mais sentido.

Cormac é responsável por criar Winston e seu irmão, Frankie, interpretado por Ben Robson (Vikings). Frankie ainda trabalhava para Cormac e roubou algo valioso dele de dentro do Continental. Winston deve encontrar o irmão e o artefato ou Cormac mandará seus assassinos atrás dos dois.

Em dez minutos do primeiro episódio, Frankie protagoniza uma cena de ação digna dos filmes da franquia e ali você percebe que, pelo menos nesse quesito, a série vai ser interessante. De fato, a ação de O Continental é muito bem dirigida e coreografada, não devendo muito para os filmes, ainda que reservada às devidas proporções.

A trama segue na cola de Winston e na tentativa de encontrar o irmão, em paralelo com a história de dois irmãos que cuidam de um dojo do seu falecido pai e de uma policial que também busca por Frankie.

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Eventualmente, todas essas linhas de história se unem, mas o centro de tudo ainda é Winston e seu desenvolvimento. Nos filmes, o gerente do Continental não é particularmente conhecido por sua habilidade com armas ou combate corpo a corpo, então era esperado que pelo menos a sua versão mais jovem fosse. Não é o caso e Winston não é muito carismático para ser o centro de uma história inteira.

Os episódios ajudam a compreender por que ele está tomando algumas atitudes na história, mas nunca algo que reflita no personagem que vimos nos filmes. A impressão que fica é que ele é um personagem com alguns traços em comum, mas ele ainda está longe de ser aquele senhor calculista que "ajuda" o John Wick.

Os coadjuvantes levam a história

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Se não temos um personagem que puxe o espectador tão bem como John Wick, pelo menos O Continental tem coadjuvantes realmente interessantes. Frankie, irmão de Winston, é um personagem que você percebe ter muito mais para mostrar do que é permitido, sendo bem mais intrigante que o "herói" da história.

O mesmo pode ser dito dos irmãos Miles e Lou, interpretados por Hubert Point-Du Jou (Dr. Morte) e Jessica Allain (A Lavanderia). Existe todo um subplot sobre o dojo de seu pai estar localizado em Chinatown e como isso pode ser um problema. Nesses momentos com os dois, é possível entender que existe algo maior acontecendo, mas tudo é passado de maneira mais superficial por não ser o foco principal da história, mesmo com episódios de mais de praticamente uma hora e meia de duração.

Mesmo ficando claramente nos seus papéis de suporte para a história principal, talvez por Winston não ser o mais interessante dos personagens de John Wick, todo mundo acaba se destacando bem mais. De certa forma, isso funciona dentro de uma produção usada para expandir o universo dos filmes.

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Uma estrutura de trilogia para uma minissérie

Cada episódio de O Continental serve como uma espécie de filme. O primeiro, apresenta a trama principal e os personagens, servindo como origem para eles e um gancho para uma sequência. O segundo, um filme de roubo, com uma equipe se formando. E o terceiro, uma história de vingança e muitos tiros.

Essa divisão da história funciona bem para não deixar os episódios com uma sensação de que são muito esticados. Apesar de vários elementos precisarem de mais explicações do que as dadas na série, para contar essa história específica, essa divisão ainda funciona.

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No segundo episódio, em especial, fica certa sensação de que a série poderia ter rendido mais episódios mais curtos, mas melhor planejados. Dessa forma, alguns acontecimentos teriam mais peso emocional para a trama.

Inclusive, esse talvez seja um grande problema de O Continental. Vários momentos que deveriam ser mais emotivos acabam acontecendo sem que você se importe o suficiente porque a chegada até ali foi muito brusca e o espectador não tenha tido tempo para assimilar a verdadeira importância daquilo. Personagens morrem e, salvo exceções, você apenas pensa "Poxa vida".

A cidade como personagem da história

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Um personagem não citado que faz O Continental um pouco diferente dos filmes de John Wick é a cidade de Nova York. Apesar de ser o local dos dois primeiros longas da série, por ser retratada nos tempos atuais, tudo parece ainda muito limpo.

Situar O Continental nos anos 1970, no meio de uma greve da coleta de lixo, faz com que Nova York seja suja, perigosa e podendo destruir sozinha qualquer pessoa que ande nas suas ruas.

Para quem está acostumado a ver Nova York como um destino lindo, cheio de luzes e lojas, encarar uma cidade imunda e caótica é bem legal e deixa a série com um clima que combina com aquele mundo de assassinos.

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É boa, mas ainda não mostrou todo o potencial que tem

O Continental é uma boa série de ação, consegue explorar alguns pontos do universo de John Wick, mas fica uma sensação de que ela poderia ser mais do que é. Claramente existe uma vontade de continuar a trama, o que não seria ruim, dessa vez entrando de cabeça na mitologia da Alta Cúpula e suas regras, mas fica um gostinho de "podiam ter feito mais".

Certamente não será o último spin-off, já que em 2024, Bailarina, estrelado por Ana de Armas (Entre Facas e Segredos) deve chegar aos cinemas explorando outro lado do mundo da franquia. Mesmo com suas falhas, O Continental é um passo válido para começar a explorar mais esse universo compartilhado.

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O Continental estreia dia 22 de setembro no Prime Video.