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Crítica | The Flight Attendant traz mistério de personagem perseguida pelo caos

Por| 21 de Fevereiro de 2021 às 22h00

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Divulgação: WarnerMedia
Divulgação: WarnerMedia

Em junho de 2021, chega ao Brasil mais uma plataforma de streaming: o HBO Max. O serviço, que é operado pela WarnerMedia e que vai substituir o HBO GO, desembarca por aqui trazendo uma infinidade de opções no catálogo, entre eles o sucesso The Flight Attendant, protagonizado por Kaley Cuoco, a eterna Penny de The Big Bang Theory.

A produção comandada por Greg Berlanti, conhecido por séries como Supergirl, Arrow e The Flash, mistura mistério e ação com um humor um tanto quanto sombrio. A trama acompanha a vida de Cassandra Bowden, ou simplesmente Cassie, uma comissária de bordo que, em uma das viagens, se envolve com um passageiro e acorda no dia seguinte com ele assassinado na cama do hotel em que estavam em Bangkok, sem saber o que aconteceu. The Flight Attendant é uma adaptação de livro de mesmo nome do autor Chris Bohjalian, publicado em 2018.

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Atenção: esta crítica contém spoilers da série The Flight Attendant!

Cassie é construída com todas as suas fragilidades a assombrando. A comissária de bordo é o tipo de pessoa que atrai o caos e sabe disso, mas não consegue reagir por acreditar ser de sua natureza, com uma pitada de trauma da infância. Cassie, que nos primeiros episódios parece apenas gostar de beber, mesmo durante o trabalho, vai sendo revelada como uma verdadeira alcoólatra, com o problema a perseguindo desde quando era criança, quando o pai a convidava para beber com ele, sustentando o seu próprio vício e criando o da filha.

Apenas essa bagagem de vida já seria suficiente para construir a história da personagem e a sua busca inconsciente pelo caos, como se viver uma vida exaustiva e nunca estar sóbria fosse uma espécie de tratamento medicinal contra os seus traumas. A história de Cassie começa a ser contada quando ela conhece Alex (Michiel Huisman), um executivo milionário, em um voo para a Tailândia. O envolvimento entre os dois começa ainda na aeronave, seguindo então para o hotel de luxo onde ele se hospedaria e, então, para o quarto.

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O problema de Cassie com o alcoolismo é tamanho que ela não se lembra de tudo o que aconteceu naquela noite, muito menos do que aconteceu para o que rapaz fosse assassinado. É quando a série vira a chave do drama e se transforma em um grande mistério que estava apenas começando. A protagonista tenta, a todo custo, não ser pega pelo FBI, mas fugir não é o suficiente para ela, que decide investigar o que aconteceu, chegando a questionar se ela teria sido capaz disso por causa da bebida. Conforme as coisas vão acontecendo, descobrimos que essa, no entanto, foi a melhor decisão que ela poderia ter tomado, pois os responsáveis pela morte do rapaz também estão atrás dela, revelando um esquema de corrupção do qual Alex não queria fazer parte.

A série, então, passa a ser uma produção de mistério e investigação, com Cassie mergulhada em suas paranoias. É difícil, no entanto, torcer pela personagem, mas não por acreditar que ela não mereça ser isenta desse problema ou por ela talvez não ser uma pessoa boa, e sim por ela sempre tomar as decisões erradas. É nítido que cada passo dado pela comissária de bordo precisa ser abastecido pela coragem, sentimento que é possível extrair da bebida. Constantemente ela tem minigarrafas de alguma bebida alcoólica que extravia dos seus voos, bebendo alguns goles sempre que precisa lidar com suas responsabilidades.

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Cassie é como um caos ambulante, mas todos que estão em sua volta parecem colaborar com isso, exceto o irmão. Davey (T.R. Knight), o também eterno George O'Malley de Grey's Anatomy, a enxerga como uma vítima do pai. A série consegue mostrar as fragilidades da personagem em meio a sua própria investigação sobre o que aconteceu, como se a sua mente a transportasse para uma nova dimensão, onde ela conversa com Alex morto e ele dá algumas dicas de onde ela deve seguir nessa busca. Enquanto a sua conversa com o falecido acontece, flashbacks com o pai surgem de forma dolorosa.

The Flight Attendant não perde o ritmo e não economiza no humor sombrio, seja com os deslizes de Cassie como uma comissária alcoólatra e que está sempre atrás de ter relações sexuais, como pelo envolvimento dela na investigação e, futuramente, com Miranda (Michelle Gomez), uma criminosa que esteve com o casal no hotel e que sabe de tudo o que aconteceu. No começo da série, Cassie acredita ter sido a assassina de Alex, mas consegue provar que não, se tornando em algumas cenas a companheira da comissária na tentativa de capturar os culpados.

Um dos momentos mais empolgantes de The Flight Attendant é quando descobrimos que a investigação de Cassie não é o único mistério da trama. A personagem Megan (Rosie Perez), que trabalha com a protagonista nos voos e a considera sua melhor amiga, deixa cair o perfil de pessoa solitária e sensível quando mostra que está vendendo informações sigilosas da empresa na qual o marido trabalha para o governo da Coreia do Norte.

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Além disso, outra grande reviravolta surge envolvendo o personagem Shane (Griffin Matthews), colega de Megan e Cassie, que se revela como um membro da CIA que está investigando as ações de Megan. Tudo isso surpreende o espectador da mesma forma que choca Cassie, que também não desconfiava das ações dos colegas, ainda que essas histórias não ofusquem a premissa principal da série.

A série, por fim, consegue se consagrar como uma ótima adaptação de uma história de mistério, ação e humor, sem tornar os acontecimentos maçantes. A produção consegue mostrar a quem está assistindo todas as peças da investigação sem tornar o caso confuso, trazendo ainda a empatia necessária para que as atitudes de Cassie não sejam julgadas, mas sim compreendidas. A temporada chegou ao fim com o caso resolvido, mas trazendo um gancho para novos episódios que já estão confirmados. A trama foi indicada ao Globo de Ouro nas categorias de melhor comédia e melhor atriz para Kaley Cuoco.

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The Flight Attendant vai chegar junto com o HBO Max em junho.