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Crítica GameStop Contra Wall Street | A anarquia chega à Bolsa de Valores

Por| Editado por Jones Oliveira | 30 de Setembro de 2022 às 20h15

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Divulgação/Netflix
Divulgação/Netflix
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A economia, a Bolsa de Valores e o mercado financeiro não são, exatamente, temas fáceis e palatáveis. Estouros como Lobo de Wall Street ou A Grande Aposta não são necessariamente comuns, e para cada grande filme desse tipo que chega ao mainstream, há uma profusão de termos, dinâmicas, regras complicadas e grandes blocos de texto que afastam os cidadãos de um segmento que impacta diretamente na vida de todos.

No sentido oposto, tanto pela própria história como por sua abordagem, vem GameStop Contra Wall Street, documentário em três partes que estreou nesta semana na Netflix. Ao abordar justamente um momento em que o cidadão comum assumiu controle das regras do jogo e assustou os engravatados, a minissérie também faz um esforço para explicar termos que convergem tanto para o mercado financeiro quanto para a cultura da internet.

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Foi a junção entre essas duas coisas que deu origem ao que é citado o tempo todo como caos, em janeiro de 2021, quando um grupo de investidores individuais organizados pelo Reddit decidiu comprar, em massa, as ações da varejista de videogames GameStop. A companhia, considerada falida e cujo processo de derretimento faria muita gente de Wall Street ganhar dinheiro, acabou virando símbolo do abismo entre os cidadãos e “a banca”, que, no final, sempre ganha.

Completo em informação, mas sem cara de aula

A edição é o que mais chama a atenção em GameStop Contra Wall Street. Às vezes, chega a impressionar como o documentário consegue explicar bem conceitos como short selling (ou “operar vendido”, na adaptação para o português) ou o funcionamento de grandes investidoras, da própria Bolsa e dos sistemas de day trading. Tudo sem soar didático demais, entregando as informações de forma rápida, mas completa.

É quase como se os episódios se dividissem em etapas, com as explicações antecedendo os momentos de “ação”, em que as coisas efetivamente aconteciam. O primeiro capítulo, por exemplo, é quase todo focado no contexto, indo desde o que levou alguns dos que ganharam dinheiro com a GameStop a investirem em ações até a situação da economia dos EUA naquele momento e a forma como crescia um sentimento de insatisfação.

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A história é contada como um pavio, que começa a ser besuntado de gasolina e queima devagar até o grande estouro ou, neste caso, subida. Ainda que a ação tenha sido coordenada, não é como se a compra em massa de cotas da varejista tivesse sido combinada, com dia e horário; pelo contrário, o documentário faz questão de mostrar até a opinião negativa de quem não acreditava na bomba, enquanto outros se aproximavam dela mais e mais.

Entre youtubers e apresentadores excêntricos da televisão, se desenha o enredo de GameStop Contra Wall Street. Os três capítulos, claro, não escapam dos momentos ridículos, como um clipe de rap absolutamente detestável no começo do segundo episódio, ou um exagero nas piadinhas da internet. Nos dois, há uma clara tentativa de soar descolado, com o resultado totalmente oposto e “cringe”.

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Incomoda um pouco, também, o uso excessivo de imagens de arquivo que distraem do que está sendo falado, além da repetição de uma piadinha, com os realizadores, com certeza, achando muito engraçada a ideia de que o documentário não representa uma dica de investimento. Durante a produção isso fica bem claro, assim como as miríades de todo um processo que, quase nunca, é tocado de forma tão próxima pelo investidor pequeno.

Vale a pena assistir a GameStop Contra Wall Street?

O maior trunfo de GameStop Contra Wall Street é, falando diretamente, não ser chato. A produção faz questão de se associar ao movimento que deseja apresentar, disseminando informação sobre o mercado financeiro e deixando o espectador, ao final, com mais do que, apenas, sua própria história. A ideia é desenvolver algum senso crítico, que seja, sobre os bastidores de um sistema que alguns dizem ser uma aposta, mas que outros sabem trabalhar muito bem.

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Para uma série documental de três episódios sobre o mercado financeiro e uma movimentação que chegou até aos ouvidos do governo dos Estados Unidos, existem poucos momentos de tédio e quase nenhuma barriga no material, que flui e incentiva o espectador a continuar assistindo ao fim de cada capítulo.

Entre a glorificação do Reddit e um dedo do meio mostrado a Wall Street, se desenha um combate de Davi contra Golias, como a produção faz questão de apontar, e também um indicativo direto de que não se deve subestimar a tecnologia e os poderosos.

GameStop Contra Wall Street é dirigido por Theo Love (A Lenda da Ilha do Pó) e produzido por Liz Garbus (What Happened, Miss Simone?) e Dan Cogan (O Convite). Os três episódios foram lançados de uma só vez, exclusivamente na Netflix.