"Karma" do stalker: golpe no TikTok vende AirTag falsa que dedura o perseguidor
Por Lillian Sibila Dala Costa • Editado por Jones Oliveira |
O TikTok, caso você não saiba, possui uma funcionalidade de loja interna — e algumas páginas se aproveitam dela para vender coisas da área cinza da lei, por assim dizer. É o caso de supostos localizadores GPS, imitando a AirTag da Apple, que não apareceriam no celular de outras pessoas além do proprietário. Os vídeos chegam a incentivar a perseguição a parceiros que poderiam se mostrar infiéis. O problema? O dispositivo não funciona assim.
Quem reportou primeiro o caso foi o 404 Media, mostrando que os vídeos comerciais do produto fraudulento chegam a ter milhões de visualizações. De acordo com as métricas, mais de 100 mil deles já foram vendidos. As propagandas dão dicas de locais onde seria possível instalar o localizador, como sacolas no bagageiro, colado por ímãs na parte inferior do carro ou até no escapamento.
Crime & karma
Indo mais a fundo na história, vemos que os golpistas do TikTok prometem a ausência de alertas no localizador, que supostamente teria seu próprio chip SIM, sem Wi-Fi ou Bluetooth, ou seja, apenas dados de localização iriam para seu celular — sem avisar outros usuários próximos ou apitar. Perseguição, ou stalking, vale lembrar, é crime em diversos países. A intenção já é óbvia quando se promete que o Buscar do iPhone não localizaria o dispositivo.
Curiosamente, no entanto, a coisa acabou mal para quem caiu na propaganda: o dispositivo não é indetectável e aparece, sim, na ferramenta Buscar, além de apitar se ficar muito tempo longe do proprietário e perto de outros celulares, mesmo Android. Eles não possuem seu próprio SIM e funcionam como qualquer outro localizador.
A Apple, no site de suporte da ferramenta Buscar, já avisa que acessórios que utilizem essa rede não devem ser usados para perseguir pessoas ou rastrear propriedades que não sejam suas.
É provável que os golpistas virtuais simplesmente estejam revendendo rastreadores GPS comprados em sites estrangeiros como Alibaba, que também aparecem em publicidades no YouTube, por exemplo. A política de conteúdo do TikTok não permite “ameaças violentas, promoção de violência, incitação à violência ou promoção de atividades criminosas que possam machucar pessoas, animais ou propriedade”.
Segundo a 404 Media, os vídeos reportados pelo site foram deletados, mas muitos outros seguem no ar. O dispositivo segue à venda na plataforma por US$ 10 (cerca de R$ 55).
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Fonte: 404 Media