Grupos de direitos civis pedem banimento de biometria facial no varejo
Por Felipe Gugelmin | Editado por Claudio Yuge | 15 de Julho de 2021 às 08h40
O uso de sistemas de segurança em lojas não é uma prática nova, mas com o avanço da tecnologia eles se tornaram mais eficientes em identificar e registrar desde suspeitos até consumidores comuns. Preocupadas com os riscos à privacidade que isso pode trazer, mais de 35 organizações dos Estados Unidos se reuniram para pedir que tecnologias de reconhecimento facial sejam banidas do setor do varejo no país.
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Elas organizaram uma campanha chamada “Ban Facial Recognition in Stores” ("elimine o reconhecimento facial em lojas", em uma tradução livre) e pedem que redes como Apple, Lowe’s, Albertsons, Macy’s e Ace Hardware removam essas tecnologias de suas lojas. A ação também aponta quais redes concordaram em seguir suas recomendações, em uma lista que inclui nomes como Walmart, Home Depot e Target.
“Imagine uma loja mostrando publicidade direcionada baseado nos produtos que você olha, mas nunca compra — até mesmo preços personalizados baseados na percepção de sua renda assim que você é identificado. Ou uma loja que analisa o rosto de todos que se aproximam do prédio, barrando qualquer pessoa com um histórico criminal de entrar. Esses cenários de pesadelo são assustadores porque são muito plausíveis”, alerta a campanha.
A iniciativa foi planejada pela organização sem fins lucrativos Fight for the Future e ganhou a adesão de grupos de luta pelos direitos civis Mijente, Public Citizen e Data for Black Lives, além de nomes como a Consumer Federation of America e o Tor Project. Tecnologias de reconhecimento facial são criticadas tanto pela capacidade de violar a privacidade quanto pelo fato de serem aplicadas com vieses raciais e sociais que as acompanham.
Violações de direitos civis
Em julho de 2020, a Rite-Aid instalou câmeras em centenas de suas lojas nos Estados Unidos, concentrando-as em vizinhanças pobres e comunidades não-brancas. O objetivo do sistema era analisar o rosto de compradores em busca daqueles que possuíam históricos criminais — assim que uma pessoa era identificada, a segurança do local recebia um alerta para vigiá-la de forma mais próxima.
Em seu site oficial, o Ban Facial Recognition in Stores fornece links para que cidadãos norte-americanos enviem mensagens a empresas solicitando que elas deixem de usar a tecnologia. Enquanto muitos locais dos Estados Unidos proíbem o uso de reconhecimento facial em espaços públicos, as regras não valem em estabelecimentos privados — a exceção é o estado do Oregon, que estendeu o banimento a eles.
“Seu rosto não deveria ser escaneado, armazenado ou vendido porque você entra ou trabalha em uma loja. Vendedores justificam o uso de reconhecimento facial para proteger e prever seus lucros, mas essa tecnologia coloca trabalhadores em perigo, exacerba preconceitos e acumula dados pessoais”, alerta o grupo. Para as organizações envolvidas no protesto, o lucro não pode ser colocado acima da privacidade e segurança de comunidades inteiras.
Fonte: The Verge, Ban Facial Recognition