Você pode estar comendo plástico sem saber, e agora?

Os microplásticos presentes nos alimentos têm sido alvo de grande preocupação por parte da comunidade científica. Um estudo publicado na revista eClinicalMedicine no último dia 31 aponta que muitos dos alimentos altamente processados ​​e produzidos em massa contêm formulações industriais e até mesmo microplásticos que podem penetrar nos alimentos a partir da embalagem, e essa exposição às partículas de plástico pode representar riscos à saúde, levando até mesmo ao câncer.

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No estudo, os pesquisadores monitoraram a saúde e as dietas de cerca de 200 mil pessoas, e registraram diários alimentares de 24 horas em cinco ocasiões distintas. Revendo os resultados de saúde dos participantes ao longo da década, os pesquisadores da Imperial College School of Public Health de Londres descobriram que o maior consumo de alimentos ultraprocessados ​​estava associado a um maior risco de desenvolver câncer e de morrer por conta da doença.

Para cada aumento de 10% em alimentos ultraprocessados ​​na dieta de uma pessoa, os pesquisadores descobriram um aumento de 2% na incidência de câncer em geral e um aumento de 19% especificamente para o câncer de ovário. A equipe sugere que limitar os alimentos ultraprocessados ​​em nossa dieta pode trazer benefícios à saúde.

No ano passado, uma análise da organização ambiental Environmental Working Group concluiu que o lodo de esgoto contaminou cerca de 81 mil km² de terras agrícolas nos Estados Unidos com substâncias per e polifluoroalquila (PFAS), também conhecidas como "poluentes orgânicos persistentes". Enquanto isso, um estudo da Universidade de Cardiff, no Reino Unido, aponta que cerca de 31 a 42 mil toneladas de microplásticos contaminam as terras agrícolas da Europa todos os anos.

Microplásticos: o que a ciência diz?

No ano passado, um estudo da Nova Zelândia revelou uma quantidade assustadora de microplásticos presentes na água da chuva. Os resultados das pesquisas sugerem que, em média, 5.000 partículas por metro quadrado desse tipo de material se acumula por dia na capital do país, em decorrência da presença do plástico na água que cai do céu.

A capacidade dos cientistas de identificar plásticos cada vez menores na água da chuva vem aumentando, o que deve melhorar as estimativas do número de partículas.

Também em 2022, pesquisadores espanhóis concluíram que a quantidade de microplásticos acumulados no leito dos oceanos triplicou nos últimos 20 anos. O aumento condiz com o tipo e volume de plástico consumido pela sociedade neste período. Na pandemia, a quantidade de resíduos de plástico aumentou drasticamente.

Fonte: eClinical Medicine, Eat This Not That, BBC News