Vítimas da covid apresentam alterações moleculares que remetem ao Alzheimer
Por Nathan Vieira • Editado por Luciana Zaramela |

Em um estudo publicado na última quinta (3) na revista The Journal of the Alzheimer's Association, cientistas da Columbia University (EUA) relataram que, ao analisar cérebros de pessoas que morreram por covid-19, encontraram algumas alterações moleculares semelhantes às que costumam aparecer nos cérebros de pessoas com Alzheimer.
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Quando passou a se falar muito de névoa mental, os pesquisadores se concentraram em investigar como moléculas chamadas receptores de rianodina poderiam ser afetadas pela covid-19. Acontece que os danos nesse receptor costumam resultar em diversas consequências, que vão desde doenças cardíacas e pulmonares até a resposta do cérebro ao estresse.
Mas, acima de tudo, esses receptores defeituosos também já foram associados a um aumento na proteína tau fosforilada, um biomarcador relacionado ao Alzheimer. No estudo, os cientistas encontraram receptores de rianodina defeituosos nos corações, pulmões e cérebros das pessoas que morreram de covid, além de altos níveis de tau fosforilada.
A descoberta sugere que a tau fosforilada nos pacientes com covid-19 pode ser um sinal de Alzheimer em estágio inicial e também contribuir para outros sintomas neurológicos observados em pacientes com COVID-19.
A teoria dos autores do artigo é que a resposta imune característica da covid-19 em sua forma grave causa inflamação no cérebro, que por sua vez leva a receptores disfuncionais de rianodina e, em seguida, aumenta a tau fosforilada. Outra interpretação é que pacientes que tiveram covid grave sejam predispostos a desenvolver Alzheimer mais tarde na vida. De qualquer forma, os próprios pesquisadores reconhecem que outros estudos são necessários até que se chegue a uma conclusão sobre isso.