Vírus sincicial respiratório: Fiocruz aponta para os riscos no outono e inverno
Por Fidel Forato • Editado por Luciana Zaramela |

Os meses mais frios do ano são marcados pela maior transmissão dos vírus respiratórios, como a gripe (influenza) e a covid-19. Para o outono e o inverno, a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) também lembra dos riscos do vírus sincicial respiratório (VSR). Este é o agente causador de doenças como a bronquiolite, uma inflamação que dificulta a chegada do oxigênio aos pulmões e atinge, principalmente, crianças com até 2 anos.
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Antes de apontar para os riscos do vírus sincicial respiratório, é preciso esclarecer que o frio não causa nenhuma doença, mas cria condições onde a transmissão dos vírus é facilitada. Por exemplo, as janelas costumam ficar mais fechadas e, com isso, os agentes infecciosos podem ser transmitidos, com maior sucesso, entre as pessoas deste mesmo ambiente.
Quais são os sintomas do vírus sincicial respiratório?
De acordo com a Fiocruz, os sintomas iniciais da infecção pelo vírus sincicial respiratório são:
- Coriza;
- Tosse;
- Febre;
- Mal-estar.
Estes sintomas são relativamente comuns entre os vírus respiratórios, por isso, familiares e médicos devem se atentar para possíveis desdobramentos do quadro de saúde da criança. “Quando os sintomas evoluem para o chiado no peito [sibilância] e esforço respiratório, a criança deve ser rapidamente levada ao pronto atendimento pediátrico para avaliação médica", orienta a alergista e imunologista Flávia Anisio de Carvalho, para a Agência Fiocruz.
Com o agramento dos problemas respiratórios, "o quadro pode ou não evoluir para uma insuficiência respiratória, podendo ser necessário internação hospitalar e uso de oxigênio por meio de ventilação não invasiva ou invasiva", explica a médica, que atua no Instituto Nacional de Saúde da Mulher, da Criança e do Adolescente Fernandes Figueira (IFF/Fiocruz).
Risco da bronquiolite
Aqui, é importante destacar que o VSR é responsável por até 75% das bronquiolites e 40% das pneumonias, segundo a Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP). Inclusive, a bronquiolite pode levar, em casos extremos, ao óbito. O risco é maior em bebês e indivíduos com comorbidades (os prematuros).
Como tratar a infecção?
Na maioria dos casos, a doença apresenta sintomas leves e que, em média, duram entre sete a 12 dias. De forma geral, o tratamento prescrito pelo médico envolve antitérmicos — quando há febre — e medidas para desobstruir as vias respiratórias, como inalação com soro e a lavagem nasal.
“Esse tipo de nebulização, feita com soro mais salgado, faz com que o muco seja expectorado com mais facilidade, desobstruindo as vias aéreas”, explica a imunologista Carvalho. Agora, em casos mais graves, o tratamento deve ser hospitalar e, em alguns casos, pode demandar a oxigenioterapia.
Os profissionais de saúde podem orientar o uso do medicamento palivizumabe para pacientes com maior risco de complicação. Este é indicado especialmente para bebês prematuros extremos, ou seja, aqueles com cardiopatia congênita ou doença pulmonar crônica. O remédio está disponível no Sistema Único de Saúde (SUS), de forma gratuita.
Como prevenir a doença nos meses mais frios do ano?
O vírus sincicial respiratório é bastante contagioso, podendo ser transmitido pelo ar (quando alguém contaminado espirra ou tosse) ou por objetos contaminados. Por isso, recém-nascidos devem evitar aglomerações e locais fechados, especialmente nos três primeiros meses de vida. Além disso, deve-se sempre optar por ambientes com boa circulação de ar e manter a higiene das mãos.
Atualmente, não existem vacinas contra o VSR, mas manter a carteirinha de vacinação em dia é importante. “É preciso vacinar contra a gripe, os bebês a partir dos 6 meses, já que o vírus influenza é outra causa de infecção pulmonar potencialmente grave”, destaca a médica. A imunização tende a tornar o sistema imune mais preparado contra outras doenças infecciosas, evitando coinfecções.
Vale lembrar que, atualmente, os postos de saúde de todo o país estão com quatro campanhas de vacinação em andamento: gripe, covid-19, sarampo e poliomielite (pólio).
Fonte: Agência Fiocruz