Vírus Oropouche é detectado pela primeira vez na Europa
Por Fidel Forato • Editado por Luciana Zaramela |

O Centro Europeu de Prevenção e Controle das Doenças (ECDC) confirmou os primeiros 19 casos importados de febre do Oropouche na Europa (registrados desde maio). As infecções foram relatadas na Espanha, Itália e Alemanha. A maioria dos pacientes tinha histórico de viagem recente para Cuba e Brasil, onde devem ter contraído o vírus Oropouche orthobunyavirus (OROV).
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Apesar dos primeiros casos do vírus Oropouche na Europa, não foi detectado nenhum caso de transmissão comunitária. Em outras palavras, o agente infeccioso ainda não circula ativamente pelo continente, em mosquitos, como é observado no surto em andamento no Brasil. Casos já foram relatados até em São Paulo.
"O principal vetor [da doença], o mosquito Culicoides paraensis, é amplamente distribuído nas Américas, mas ausente na Europa. Até o momento, não há evidências sobre mosquitos europeus que possam transmitir o vírus”, pontua o ECDC.
Diante dos relatos de casos, o ECDC passou a classificar como “moderado” o risco de infecção pelo vírus Oropouche para os europeus que viajam para áreas endêmicas da doença nas Américas.
Em relação ao Brasil, a agência destaca que o maior risco está em viagens para o Norte, próximo à região Amazônica. Por lá, é recomendado o uso de repelentes, camisas com manga e roupas fechadas, além de mosquiteiros com inseticidas.
Casos de febre do Oropouche na Europa
A seguir, veja os três primeiros países da Europa a relatar casos da febre do Oropouche, em ordem decrescente:
- Espanha: 12 casos;
- Itália: 5 casos;
- Alemanha: 2 casos.
"O prognóstico de recuperação é bom e os resultados fatais são extremamente raros”, acrescenta o ECDC. Inclusive, as primeiras mortes relacionadas ao vírus foram detectadas recentemente no Brasil.
Como ainda não existem vacinas e nem remédios específicos, a melhor alternativa é a prevenção. Como sinal de alerta, os primeiros sintomas podem ser confundidos com dengue, já que há febre alta, vômito, dores musculares e nas articulações.
Aumento de casos do vírus Oropouche
Em editorial na revista The Lancet Infectious Diseases, a equipe recorda que o primeiro caso conhecido do vírus é de 1955, em uma vila conhecida como Oropouche, em Trinidad e Tobago (Caribe). Desde então, o patógeno circula de forma limitada por áreas florestais nas Américas.
A possível explicação para os atuais surtos da doença envolve diferentes fatores, como as mudanças climáticas, o desmatamento e as alterações na forma de ocupação das terras, segundo o texto.
“Outro fator é que o genoma do vírus Oropouche é formado por três segmentos de RNA, enquanto a maioria dos vírus transmitidos por insetos consiste em um”. Nesses casos, o risco de mutações é maior, implicando em possível ganho de capacidade de transmissão, além do escape do sistema imune.
Entretanto, maiores análises precisam ser realizadas para descobrir como o vírus está avançando no Brasil e chegando a outros países, incluindo nações da Europa.
Fonte: ECDC, The Lancet Infectious Diseases