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Vírus Marburg não será responsável pela próxima pandemia

Por| Editado por Luciana Zaramela | 15 de Fevereiro de 2023 às 16h21

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Pressmaster/Envato Elements
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Nesta semana, a Organização Mundial da Saúde (OMS) alertou para a ocorrência de um surto do vírus Marburg (MRV) na Guiné Equatorial. Embora a situação seja bastante grave localmente e precise ser controlada, a febre hemorrágica viral não deve se tornar a próxima pandemia, segundo especialistas. Isso porque a letalidade o agente infeccioso é alta demais e o desenvolvimento de vacinas contra a doença já está em fase avançada.

No passado, a própria OMS chegou a incluir o vírus Marburg, da mesma família que o Ebola, em uma lista de 10 patógenos com potencial pandêmico. Isso porque faltam — e ainda faltam — alternativas de tratamento para pacientes que desenvolvem a febre hemorrágica, o que faz da doença ser uma das mais letais do mundo. A taxa de letalidade pode ser de até 88%, dependendo das características do surto, mas isso deve mudar em breve.

Por que o vírus Marburg não deve se disseminar pelo globo?

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Países na África já enfrentaram outros surtos do vírus Marburg, como Gana, Guiné e Uganda. Fora do continente, a Europa e os Estados Unidos também relataram casos da doença. Em todos esses territórios, a febre hemorrágica foi controlada, com sucesso, após os primeiros casos serem identificados. Entre os fatores envolvidos, está justamente o problema da alta letalidade — apenas mutações favoráveis permitiram que o vírus contornasse a limitação.

"Ele [o vírus] é muito rápido, o que o transforma em um vírus que não tem capacidade muito grande de se deslocar", explica o médico sanitarista Gonzalo Vecina, para o UOL. "Ele mata muito rapidamente os pacientes que infecta", acrescenta. Neste contexto, a transmissão para populações distantes é limitada. "Dificilmente, vai migrar do espaço que está ocupando na Guiné Equatorial", completa.

Pesquisas na área de vacinas estão em andamento

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Mais ainda que a alta taxa de mortalidade, o principal fator que deve impedir uma possível pandemia provocada pelo vírus Marburg é a ciência. Diferentes de outros agentes infecciosos emergentes, como a covid-19, pesquisadores conhecem o MRV há mais de 50 anos e vacinas já estão em desenvolvimento. Em caso de emergência global, mais investimentos podem acelerar os testes.

Por exemplo, no começo deste ano, pesquisadores da Universidade George Washington, nos EUA, divulgaram os resultados da primeira fase de estudos clínicos (testes com humanos) da vacina cAd3-Marburg. Segundo o artigo, publicado na revista The Lancet, o imunizante gera resposta imunológica e é seguro, quando aplicado em adultos saudáveis. Esta pesquisa pioneira é financiada pelos National Institutes of Health (NIH).

Outra possibilidade a ser investigada é o possível efeito cruzado das vacinas contra o Ebola. Como os agentes infecciosos são parentes, existe a ideia de um imunizante induzir algum grau de proteção contra o outro, o que ainda não foi confirmado.

Controle da situação na Guiné Equatorial

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Hoje, a presença do vírus Marburg é muito preocupante para a população da Guiné Equatorial e o risco será maior, se medidas drásticas e rápidas não forem adotadas para o seu controle. Só que, por enquanto, a expectativa é de que as autoridades do país, apoiadas pela OMS, consigam mitigar a transmissão, através da identificação e isolamento de casos suspeitos.

Para controlar surtos do MRV, a Aliança Mundial para Vacinas e Imunização (Gavi) orienta as seguintes medidas:

  • Amostras do vírus analisadas em laboratório devem ser descartadas de forma segura;
  • Em enterros, procedimentos devem ser adotados para evitar a contaminação das outras pessoas;
  • É necessário evitar a ingestão de carne de caça no local do surto, já que o MRV pode infectar outros animais selvagens (morcegos, porcos e macacos);
  • Viagens áreas devem ser monitoradas, em casos de pacientes suspeitos.

Fonte: The Lancet, Gavi e UOL